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Língua Afiada

Cansada, sem tempo, mas feliz

Os dias têm sido muito preenchidos a nível pessoal e a nível profissional, muitas tarefas e muitos sorrisos, o tempo parece que não chega para nada, alguém que o faça passar mais devagar por favor.

A nossa bebé está cada vez mais engraçada, mais comunicativa e mais exigente, apesar de gostar de brincar e de ficar a brincar “sozinha” gosta de nos ver e sentir por perto e as brincadeiras favoritas dela são mesmo as que tem connosco, acho até que prefere as do pai, o Moralez vai por a menina maluca com tanto salto, avião e tudo o que possam imaginar.

Chego ao final do dia estafada e sinto que me falta tempo para algumas coisas que me fazem bem, mas o saldo é positivo e todos os dias afinamos mais um pouco a rotina e chegaremos ao dia em que o tempo estará devidamente distribuído e a nossa vida assim mais facilitada.

A minha maior dificuldade tem sido priorizar, estabelecer prioridades dentro de tarefas prioritárias tem sido complicado, estamos numa fase de mudanças profundas da nossa vida, como uma mudança só não chega andamos indecisos entre fazer obras ou mudar (comprar) casa, muitas decisões a tomar.

No entretanto, não tenho um único presente de Natal comprado, não tenho sequer ideia do que comprar, tenho ainda de fazer a lista de prendas e atribuir um valor a cada uma para começar a despachar presentes. Tenho de contratar uma sessão fotográfica de Natal (post sobre isto a ser cozinhado) e tenho um sem fim de coisas a organizar antes do final do ano.

Este cansaço retira-me a pouca paciência que tenho e por isso tenho-me enervado com facilidade, tenho de me controlar, preciso de estar calma para conseguir terminar tudo o que tenho em mãos a tempo e horas, mas as pessoas, sempre as pessoas, não facilitam, não existe realmente limite para a estupidez humana.

Para ficar zen vou praticar o mindfulness ao encontrar uma agulha num palheiro, tenho de descobrir em 200 luzinhas de Natal qual é a está queimada! Tinha de se estragar logo o meu conjunto de luzes favoritas, ninguém merece.

Já fizeram a árvore? A minha já esta montada mas sem nada, com a disponibilidade que tenho decorar a casa para o Natal é coisa para demorar 5 semanas…

Foco, cansada, mas feliz. Não esquecer o feliz, mesmo que esteja neste momento a fazer um esforço herculano para manter as pálpebras abertas.

Boa semana

A culpa é sempre da mãe…

Se há estigma que nunca compreenderei e contra o qual sempre lutarei é o de as mulheres atacarem gratuitamente outras mulheres.

A falta de empatia, solidariedade e ajuda que algumas mulheres demonstram para com os seus pares é brutalmente aflitiva e revoltante, especialmente quando o alvo do escárnio e análise é uma recém-mamã cheia de dúvidas e inseguranças.

Comparações, julgamentos, suposições e ataques dispensam-se, o que precisamos é de carinho, compreensão, mimo, incentivo e conselhos práticos e relevantes.

 

Cada bebé é um bebé, não têm manual de instruções, não há poções mágicas, não há mezinhas e não há milagres, cada bebé tem o seu desenvolvimento e cada bebé reage e adapta-se à nova realidade de forma diferente.

Os bebés choram, choram porque estão desconfortáveis, mas esse desconforto nem sempre é fome, frio e fralda suja, podem apenas querer conforto, proximidade, carinho, calor, miminho, é por isso que não se deve negar colo a um bebé.

- Ah depois ela habitua-se! – Ah depois não quer outra coisa! – Ah depois não vais conseguir fazer nada, vais andar sempre com ela no colo! – Ah se habituar-se a adormecer no colo, depois não adormece sozinha!

Tretas! Tudo tretas! E sabem que mais!? Se não pegarmos ao colo um bebé, vamos dar colo a quem? A um adolescente de 15 anos? Carregar 40kg não é propriamente fácil.

 

Os bebés têm cólicas, alguns, nem todos felizmente, e uns têm mais do que outros, é uma fase complicada, é preciso muita paciência, muito amor e muita dedicação, não é fácil, é muito duro, mas é apenas uma fase e nós como pais temos obrigação de estar à altura dela, se não temos paciência para cólicas, como seremos capazes de enfrentar uma doença por exemplo?

A grande questão é que os pais estão à altura, as pessoas é que por vezes testam a sua paciência e a sua sanidade, isto de apontar o dedo a quem tem privação de sono é bastante perigoso.

A minha bebé enquanto teve cólicas teve um aumento de peso estável, mas manteve-se magra, um drama, porque o que é giro é ver bebés rechonchudos, entendo, mas nem todos são assim. O que não entendo é as pessoas questionarem os pais e até os médicos, entra aqui outro estigma contra o qual é preciso lutar, achar que o leite materno não é suficiente para o bebé.

- O leite é fraco! O leite não presta!

Por sorte as recém-mamãs ficam como anestesiadas, pelo menos eu fiquei, porque se não tivesse ficado as coisas tinham azedado.

 

Esta mania de culpar mãe por tudo, além de parva é perigosa, porque dizer a uma mãe que está a errar causa-lhe insegurança e pode induzi-la em erro. Aqui importa confiar no instinto e nos profissionais de saúde, nunca me esquecerei das palavras da pediatra – Ela dorme bem, não dorme? Já viu alguém dormir de barriga vazia?

Supostamente o meu leite não era suficiente, porque tinha de lhe dar de duas em duas horas e não de três em três como as alminhas acham que tem de ser, porque não estava gorda, porque chorava…

A minha filha tem o mau feitio da mãe e por isso assim que deixou de sofrer de cólicas desatou a engordar e passou a ostentar umas belas regueifas, só para provar que o leitinho da mãe que ela tanto adora é mais do que suficiente.

Infelizmente muitas pessoas acham que só o que é caro é que é bom e como leite materno é gratuito não pode ser melhor do que o leite adaptado, até o nome diz tudo, adaptado, teve de ser ajustado para dar a bebés, não é o alimento ideal.

A todas mães, especialmente às mais recentes, e a todas as que ainda serão mães deixo-vos um conselho, confiem no vosso instinto, confiem nos profissionais de saúde, se tiverem dúvidas é eles que devem recorrer, e não vos deixem afetar pelas vozes que só falam para não estarem caladas.

Em relação ao colo, dei e dou muito colo à minha bebé e como se eu não a “estragasse” o suficiente o pai faz o mesmo, há momentos em que quase a sufocamos de tantos beijos. Adormece bem sozinha, mas às vezes quer adormecer no colo porque tem saudades ou porque está com dificuldade em adormecer.

Não é uma birrenta, pelo contrário, ainda não tem seis meses e abraça-nos, desfaz-se a rir quando lhe dá-mos mimo, faz festinhas quando alguém a pega ao colo e já quer atirar e dar beijos (tenta comer-nos) porque sabe que é uma demonstração de carinho. É um doce. Nunca se dá mimo a mais, carinho e amor nunca pecam por excesso, apenas por defeito.

Não! A culpa não é da mãe, a culpa não é de ninguém, são apenas bebés a serem bebés.

 

 

 

 

Quando se passa um projeto a um cliente, morre um pouco de nós.

Quando se passa um projeto para as mãos de um cliente é como se estivéssemos a dar um pouco de nós, mesmo que nos tenham pago pelo trabalho é sempre complicado abdicar do controle do mesmo, umas vezes sentimo-nos bem, entregamos com carinho, sabendo que o cliente tomará conta dele e o fará crescer, outras sentimos a boca a amargar, cerramos os dentes e tentamos esquecer que aquele cliente irá descurar o projeto ou até destrui-lo.

Quando se trabalha com criatividade é assim, quem cria e desenvolve arrisca-se a ver os seus sonhos desfeitos, é quase como educar um filho para ser boa pessoa e ele revelar-se uma má pessoa, pode parecer uma comparação exagerada, mas os projetos quando são realizados com carinho e dedicação, são parte de nós.

 

Este dilema acontece muito nas áreas de design e comunicação, não imaginam a facada que sentimos no coração quando alguém “morfa” um logótipo ou quando o aplica indevidamente, mas o design gráfico e o design em geral são completamente desvalorizados em Portugal e para uma grande parte das pessoas trata-se apenas de um desenho, não fazendo a mínima ideia do trabalho que existe na sua criação, o que não é surpreendente quando profissionais da área vendem logótipos a granel por uma bagatela com o mesmo design seja para um talho ou para um dentista.

O nosso trabalho está feito, são dadas indicações de uso, exemplos certos e errados, depois disso cabe ao cliente ser inteligente.

 

No meio de todos os trabalhos há um que me custa particularmente passar, a gestão de páginas, outra tarefa altamente desvalorizada, é só publicar, quem sabe gastar algum dinheiro em anúncios e já está, ignoram completamente que existe toda uma dinâmica própria, horários certos para publicar, palavras-chave e uma imagem a manter.

Imagens menos boas, publicações repetidas, comentar a própria publicação dão má imagem, mas erros ortográficos e de gramaticais arruínam qualquer imagem, às vezes seria melhor não publicarem nada.

Sempre que passo a gestão de uma página fico triste, especialmente quando sei que horas e horas de dedicação serão arruinadas em poucos dias, há uma página em particular que geri durante 6 meses que me dá imensa pena, está literalmente abandonada e tem um potencial incrível.

Hoje passei a gestão de uma página de Facebook e Instagram, não foram 6 meses, foi apenas 1 mês e meio de dedicação, mas eis que a primeira publicação do cliente me despedaça o coração, pelo descuido é possível perceber que será um descalabro total, mas é seguir em frente, quando os projetos não são nossos não há nada a fazer, é seguir em frente com a consciência tranquila.

 

Só existe um revés, não podemos anunciar ao mundo que a gestão da página mudou e infelizmente algumas pessoas associarão a nós os erros, creio que depressa se terão consciência que já não tem uma gestão profissional, mas até lá também a nossa imagem é prejudicada.

Ossos do ofício, não existem profissões perfeitas.

Boa notícia, terei mais tempo para outras coisas e já não estarei de estar conectada a tempo inteiro, há que pensar positivo.