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Língua Afiada

O silêncio que não se cala

O silêncio desesperado para falar

Não há voz, som que o faça calar

Há dormência e há esquecimento

Há dor, solidão e arrependimento

 

Vida madrasta, vida maldita

Fustiga, fere, lacera e castiga

Os dias correm em subterfúgios

Mas não há para eles refúgios

 

Lamento, lamúria, desencanto

Acordes desalinhados pelo ar

Com voz fina e trémula os canto

 

Saudade, saudade do conto

Das fadas prometidas o cantar

Procuro-as, mas não as encontro

 

É tudo uma questão de prioridades? Não, nem sempre.

Na nossa vida tudo gira em volta de prioridades, todo o nosso dia é definido por prioridades desde que nos levantamos até à hora que nos deitamos, tudo é uma questão de prioridades e tudo tem um custo de oportunidade, já que, ainda, não é possível estar em dois locais ao mesmo tempo.

O que é verdade é que nem sempre podemos definir as nossas prioridades a nosso bel-prazer, por razões tão básicas como ter necessidades fisiológicas, por razões racionais, afinal as contas não se pagam sozinhas e por razões emocionais, procuramos sempre fazer que nos faz felizes, mas com alguma racionalidade.

 

Se fosse tudo uma questão de prioridades, a vida, pelo menos a minha, seria bem mais fácil, dormia até às 9:30h da manhã, tomava um pequeno-almoço estilo brunch, de seguida em dias alternados fazia exercício, caminhadas, ia ao salão de beleza e estética, fazia compras, comia qualquer coisa leve e trabalhava umas 3h, até por volta das 20h dedicava a cuidar e a brincar com a minha filha, depois jantava e tirava umas horas para o ócio, namorar, ver filmes, ler…

Ah vida perfeita! Infelizmente a minha conta bancária não me permite ter estas prioridades e não me venham dizer que se tivesse estabelecido ser rica como prioridade número um poderia agora estar a viver esta vida de sonho, porque tenho notícias para vocês gangue da inspiração, empreendedorismo, busca interior, coaching e afins, a vida não é um mar de rosas, calmo e povoado de flamingos e unicórnios confortavelmente sentados em mandalas com os chakras alinhados.

 

Isto tudo porquê? Porque não tenho tempo para nada e não admito que me venham dizer que é tudo uma questão de prioridades, a sério? Mas alguém pode ter prioridades com uma bebé de 6 meses? Não, a única prioridade é a bebé, que, graças a Deus e a todos os santos, tanto pedi a menina é mesmo um anjo, um doce que só visto, às vezes, juro, penso como é que tive tanta sorte?

Mesmo quando lhe alteramos as rotinas e lhe trocamos as voltas, não reclama, está sempre com um sorriso nos lábios e pronta para nos encher de mimo com um olhar terno e uma caricia sedosa com as mãos mais fofas que conheço.

 

A vida é isto um amor imensurável e um stress descomunal quando percebo que o tempo não estica e não chega para nada e que a minha bebé que deveria estar comigo o maior tempo possível é “obrigada” a estar longe por força das circunstâncias e vejo-me obrigada a inverter prioridades e a colocar a estabilidade financeira à frente da estabilidade emocional, bem sei que no fundo é porque é prioritário ter as condições necessárias para cuidar bem dela, mas isso não impede que sinta revolta e alguma culpa.

Não, não é tudo uma questão de prioridades, é mais uma questão de sobrevivência, num mundo tão evoluído, onde a tecnologia reina, as relações humanas fracassam, o tempo para a família escasseia, estamos cada vez mais reféns de um modo de vida consumista, egoísta, numa espiral sem fim onde lutamos para ter aquilo que não precisamos e que na verdade nem desejamos, simplesmente nos dizem que devemos ter.

 

Está tudo invertido, tudo do avesso, nem os milhares de estudos científicos que nos dizem com certezas o que é melhor para nós e para os nossos filhos a situação muda, continuamos a privilegiar o dinheiro, nesta roda capitalista onde os bolsos de muitos se esvaziam para encher os bolsos de poucos.

E depois quando tudo acaba é triste perceber que a vida afinal foi uma mão cheia de nada, pois o dinheiro, a riqueza, o sucesso e o poder transformam-se em miséria humana, amor, carinho, compaixão, amizade são vistas em perspetiva e o coração definha seco, sedento e faminto daquilo que não teve, mas que sempre lhe fez falta.

Um azar nunca vem só – acreditam em más energias?

Como já disse aqui várias vezes lá em casa os azares dão-se em cadeia, é uns atrás dos outros, é assim de tal forma que quando algo corre mal eu já me preparo mentalmente para o que virá a seguir.

Tudo começou no dia 19 de Janeiro, sexta-feira ao final da tarde, estacionei no supermercado, abri a mala do carro e nunca mais a consegui fechar, o fecho estava estragado, ou os fios, sinceramente nem tomei sentido, no instante em que entrei no carro para ligar ao meu marido, senti um calafrio, estava à espera de uma resposta, de uma decisão importante e apesar de só saber efetivamente no domingo, soube ali naquele momento que seria negativa.

O fim-de-semana foi caótico, doente com a casa em desordem, imensas tralhas para arrumar, móveis novos e eu sem paciência nenhuma, com vontade de mandar tudo às urtigas, lá conseguimos a custo organizar tudo a tempo de começar a semana cansada, com as ideias completamente desordenadas mas com a casa arrumada.

 

A semana passou sem grandes incidentes, estava quase a acreditar que desta vez os azares não seriam múltiplos, quando precisamente na sexta-feira seguinte avaria a máquina de lavar roupa, tive a certeza que iria começar a sequência, tal e qual, sábado avaria a máquina de lavar louça, logo depois tivemos um problema com o esquentador e no domingo de manhã foi a vez do aquecedor, ontem foi o meu portátil que teve um percalço, resolve sempre assustar-nos nestas alturas.

Quem adoece sempre nestas alturas é a nossa gata, e é isso que me leva à questão do título do post, a bichana adoece sempre nas marés de azar, desta vez está com gripe, felizmente está a recuperar bem. Dizem que os gatos absorvem as más energias será que isso tem influencia na sua saúde?

 

Em conversa com uma amiga a quem a vida não tem corrido muito bem, sem motivo aparente, aliás tem agora reunidas as condições para que tudo corra bem, mas simplesmente não corre, surgiu o tema da inveja, do mau-olhado e das energias negativas, uma colega sua de trabalho deitou para trás uma maré de azar e um ambiente pesado em casa depois de uma cartomante lhe ter dito que havia uma pessoa que lhe desejava mal, afastou-se dessa pessoa e as coisas começaram a correr bem.

A minha amiga diz que as coisas correm mal quando entram em casa, parece que a harmonia se perde, tento ao máximo afastar-me destas ideias porque são perigosas, mexem-nos com o psicológico e depois é um problema para seguir em frente, mas não consegui deixar de comentar com ela que lá em casa anda um pouco a passar-se o mesmo, parece que se discute por tudo e por nada, discussões parvas, sem grande importância, mas que se sucedem umas atrás das outras.

 

Quero acreditar que é uma fase, estaremos ambos os casais na fase de medição de forças, na qual a relação se ajusta, medimos a elasticidade do outro e colocamos a nossa à prova, é o ponto em que descobrimos quem cederá em quê, só há dois resultados possíveis o trémito da relação ou a construção de uma relação à prova de fogo, inabalável para toda a vida.

Mas depois penso em nós e neles, conhecemo-los muito bem e não há muito a ajustar, os ajustes foram sendo feitos ao longo do tempo e a história da inveja ficou a ecoar-me.

 

Não me sai da cabeça, mentiria se dissesse que nunca tinha pensado no assunto e se dissesse que nunca sentira uma espécie de energia negativa, uma barreira, uma espécie de força que nos leva sempre para o lado errado, sempre tive um lado intuitivo herdado da minha mãe, sempre o sobrepus com a racionalidade que me diz que recorremos ao oculto para encontrarmos respostas para as perguntas que não sabemos responder.

Quero muito acreditar que as coisas más, os percalços e imprevistos que nos acontecem são fruto das circunstâncias da vida, mas há uma voz dentro de mim que me alerta que nem tudo é coincidência, andarei com esta luta interna até esta maré de azar cessar, porque quando está tudo bem não pensamos no mal.

 

Já sentiram alguma energia negativa, não acreditam em nada destas coisas ou acreditam que existem forças que não controlamos? Têm algum exemplo real?

Pelo sim pelo não vou acender um incenso, mal não fará.