Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Língua Afiada

Onde andas sono?

Todas as pessoas têm dias cheios, complexos, atarefados, faz parte da vida, mas depois existem aquelas ocasiões em que esses dias sucedem-se uns aos outros, passando a ser uma semana cheia, complexa, atarefada, esta é uma dessas semanas, acontece mesmo essas semanas sucederem-se umas às outras, mas o fim-de-semana dá sempre para quebrar o ciclo, mesmo que seja igualmente ocupado e difícil, as complicações são de outro tipo.

 

Esta complicação começou mais ou menos ao mesmo tempo que a minha constipação, a cereja no topo do bolo deste relato, porque é sempre quando precisamos de estar mais expeditos que adoecemos, típico pelo menos comigo é assim em 99,9% das vezes.

Não durmo mais de duas horas seguidas desde a noite de sábado, mas o meu organismo deve estar completamente avariado porque não sinto sono e não tenho tomado café, sinto-me um pouco cansada, mas nem sequer posso dizer que estou mais cansada do que é habitual sentir-me a uma quinta-feira de uma semana intensa.

É mesmo estranho porque contrariamente ao normal numa semana assim, nem sequer tenho estado em casa à noite e que tenho-me deitado bem mais tarde que o normal.

Contra todas as expetativas estou desperta e até uma pouco frenética em ideias, sem tempo para as colocar em prática, mas com o cérebro a mil.

 

Não tenho dormido bem, não tenho descansado, tenho comido menos do que o habitual e tenho trabalhado mais do é normal e após 4 dias de trabalho não me sinto a colapsar, o que se passa comigo?

Será que o meu organismo está a abusar da sorte e encontra-se prestes a colapsar, juro que não entendo porque não tenho sono e como não me sinto a morrer de cansaço.

Desconfio que ter-me obrigado a trabalhar doente possa ter ativado algum modo de funcionamento que até agora desconhecia porque parece que o meu organismo esta a usar alguma fonte de energia de reserva.

O stress já me fez ficar assim, mas não estou stressada, realmente estamos sempre a surpreender-nos a nós próprios, nunca conhecemos os nossos limites até os testarmos, não, isto não é texto motivacional, é mesmo um desabafo de alguém que se surpreendeu com uma semana intensa.

26 pacotes de lenços, 1 frasco de água do mar (caríssima), várias doses de paracetamol e outras cenas para constipação, 1 spray fitonasal, 32 chávenas de chá com mel, 40 rebuçados peitorais, 1 tubo de letibalm depois continuo constipada, com o nariz vermelho e a esfolar, mas surpreendentemente não estou cansada.

Enquanto escrevi este texto tive 5 ataques de tosse!

Mas não tenho sono, alguém me pode dar sono? É que gostava mesmo de dormir 8h seguidas esta noite.

Não devíamos trabalhar doentes

Corpo são, mente sã, é quase impossível desemparelhar os dois e nos últimos dias tenho sido a prova disso.

Estou com uma constipação ou gripe, não sei bem qual das duas maleitas me assola, que me tem deixado a mente entorpecida, se é um sacrifício levantar e sair de casa, para pensar e trabalhar é um esforço herculano, mas ninguém deixa de trabalhar em Portugal a menos que esteja prestes a entrar em coma e por isso não sou exceção, ontem trabalhei o dia todo, hoje preparo-me para fazer o mesmo e amanhã a história deverá repetir-se.

 

Trabalhar doente não é bom para ninguém, nem para o doente, nem para a empresa, nem para os colegas.

O doente em vez de recuperar em dois ou três dias prolonga a doença e o sofrimento por uma semana ou duas, há quem demore até mais a curar pois constantes diferenças de temperatura, cansaço e stress não ajudam ninguém a convalescer-se.

A empresa não fica sem o colaborador durante dois ou três dias, mas fica com um colaborador a trabalhar a 50%, 30% ou 10% durante um longo período de tempo, seria preferível acumular o trabalho de uns dias e depois ter o colaborador a 100%.

Os colegas correm sérios riscos de contágio, e são contagiados frequentemente o que leva a que existam departamentos e secções inteiras com pessoas doentes e consequentemente a trabalhar abaixo das suas capacidades.

 

Não é preciso ser um génio para perceber que trabalhar doente não constitui nenhuma vantagem, mas como sempre o sistema está contra nós, primeiro a baixa médica é uma anedota, só começamos efetivamente a ser remunerados a partir do terceiro dia de baixa, os primeiros três dias somos penalizados a 100% e só recebemos mais de 55% da remuneração se a mesma ultrapassar os 30 dias, isto faz com que algumas pessoas se tiverem o azar de serem obrigadas a estar de baixa por força maior terão sérias dificuldades em fazer face às suas despesas, especialmente quando doença implica quase sempre uma despesa avultada em medicação e em taxas moderadoras.

 

As próprias empresas de uma forma geral não lidam bem com a doença, um dia ou dois ainda demonstram empatia, mas mal percebam que a doença do colaborador lhes afeta o dia-a-dia mudam imediatamente de atitude e não raras as vezes são influenciados por outros colaboradores que fazem queixinhas por estarem a cobrir o trabalho do doente, a empatia e compreensão não adjetivos comuns no meio laboral e é frequente o regresso do doente ser atribulado e cheio de reclamações e cobranças.

Curiosamente as empresas valorizam muito a disponibilidade dos seus colaboradores, mas quando estes necessitam de faltar mesmo que seja por doença, essa disponibilidade esfuma-se e mesmo que a pessoa tenha acumuladas horas de trabalho equivalentes a cinco dias de férias, não existe boa vontade para facilitar ao trabalhador que permaneça em casa por uns dias, mesmo que o trabalhador se disponibilize para trabalhar a partir de casa.

 

Outra curiosidade é que os empregadores desvalorizam quase sempre os seus empregados, mas quando eles lhes faltam parece que lhes sai o chão de baixo dos pés, poderiam colocar a mão na consciência e valorizarem mais as pessoas e o seu trabalho, mas bom senso não faz parte da gestão e é por isso que as empresas perdem os seus melhores recursos para a concorrência e/ou para o estrangeiro.

 

Podem alegar que o português é aproveitador e que não se pode fazer cedências que logo irão aproveitar-se da situação para estarem sempre doentes quando lhes é conveniente, é verdade, mas não são a maioria, a maioria irá esforçar-se em dobro para compensar a empresa pela benesse de estar em casa sem perda de remuneração.

Tive a sorte de trabalhar numa empresa assim, em caso de doença podíamos permanecer em casa e não nos era descontado qualquer valor, chegavam mesmo a aconselhar as pessoas a ficarem um ou dois dias em casa para que recuperassem melhor porque os próprios colaboradores não queriam abusar e chegavam ao trabalho doentes, funcionava, todos dávamos de livre vontade horas a mais sem sequer nos apercebermos, vestíamos a camisola, é claro que apareceu alguém que tentou aproveitar-se da situação mas foi rapidamente chamado à atenção, era a exceção não a regra.

 

Tal como a vida o ambiente laboral só é complicado porque as pessoas insistem em complicar o que é simples, está mais do que estudado e provado que trabalhadores motivados são mais produtivos, se produzem mais podem ganhar mais e todos ganham mais a empresa e os trabalhadores, mas continuamos a insistir nas velhas ditaduras laborais, pressão, salários baixos, horários rígidos, penalizações por tudo e por nada e zero prémios, é por causa deste sistema completamente obsoleto que as empresas portuguesas estão também elas obsoletas pois não captam, não retêm bons profissionais.

Não há duas em três – o siso que faltava

Lembram-se da minha saga com o dento do siso do lado direito?

É claro que não se lembram, que isso não interessa a ninguém só mesmo a mim que sinto as dores.

Pois bem, escrevi neste post que estava preocupada porque o siso do lado direito já me tinha mandado para dentista duas vezes e o esquerdo ainda nem sequer tinha dado sinal de vida.

Dizia eu no fim-de-semana ao meu afilhado lindo que se tivesse os dentes como a madrinha iria ter sorte, sorte até ao nascimento dos sisos, mais valia estar calada.

 

Nunca pensei que isto de ganhar juízo doesse efetivamente, dói na alma perder a magia da irresponsabilidade, aquela sensação de risco iminente, sabermos que as nossas ações podem correr mal, mas que há todo o tempo do mundo para as corrigirmos, afinal temos a vida adulta toda para sermos responsáveis e ponderados.

Agora doer fisicamente nunca imaginei, mas os meus queridos sisos estão a dar luta, não querem que tenha o juízo total e por isso não se limitam a aparecer e a tomar conta da situação, não, querem ficar inclusos por mais uns tempos, têm medo de envelhecer e querem ficar protegidos pela gengiva.

Meu querido siso esquerdo nada temas, eu agora até deixei de colocar açúcar no café, quase não como doces, escovo muitas vezes os dentes e com pasta de marca, nada de marcas de insígnia, uso elixir e fio dentário sempre que sinto necessidade e os meus dentes são branquinhos, não precisas ficar preocupado com manchas, não tenho cáries para te transmitir, tenho uma boca saudável, o ambiente prefeito para tu cresceres e seres muito feliz.

 

Faz-me feliz e aparece, sem dramas, verás que a vida cá fora é muito agradável e irás provar imensas coisas saborosas, irás sentir-te útil, ou não que na verdade não serves para nada, vá não tenhas receios, os teus irmãos mais velhos estão à tua espera.

Sê um bom menino e não te faças de difícil é que se te não mostrares a bem, mostras-te a mal, não, não é uma ameaça é uma promessa.

Raio de sisos, passava tão bem sem eles!