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Língua Afiada

Fifty Shades Darker

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Enlouqueci e vi.

Vi o primeiro filme por curiosidade mórbida, a verdade é que não sabia nada sobre a epidemia das 50 sombras de um homem chamado Grey, cheguei a pensar que era um homem grisalho, mas afinal era mesmo um pirralho (não resisti a rima fácil).

O primeiro filme foi uma desilusão, ouvi falar tanto da história, do livro, ouvi tantos suspiros, acho que cheguei a ouvir alguns gemidos, que fiquei curiosa, mesmo sendo a crítica devastadora dei o benefício da dúvida, pois a crítica não gosta de filmes populares.

 

O filme até tinha coisas boas, a fotografia, a banda sonora e o apartamento do Grey, tudo o que realmente interessava era mau, interpretações, especialmente a do Grey, realização, que convenhamos com um argumento daqueles não haveria muito a fazer, é um filme mau que apenas entretém, mas só se não estivermos com muito sono.

É claro que vendo o primeiro já sabia que veria o segundo, é um defeito meu, mesmo não gostando tenho por vício ver as sequelas.

E ainda bem que vi, não, não vão a correr às salas de cinema porque o filme é mau, mas deu para perceber a loucura das mulheres pelo livro e também porque todas diziam que o primeiro filme não mostrava a verdadeira história.

 

Porque as 50 sombras são afinal de amor, a história é um romance e a fórmula é a de sempre, a rapariga ingénua arrebata o coração do Dom Juan insensível, o facto de pelo meio existir uma exploração ao mundo sadomasoquista é apenas um detalhe.

A verdadeira história é a donzela indefesa que conquista o príncipe vadio, uma espécie de Cinderela com a Dama e o Vagabundo e uma pitada de a Bela e o Monstro.

Explicado o sucesso, a autora, esperta, usou a ideia romântica que todas as mulheres têm - a conquista de um homem que não quer ser conquistado, a receita é tão velha quanto a escrita, mas a verdade é que resulta.

Agora as fãs já podem descansar já sabemos que não são umas doidivanas, apenas umas românticas.

Mau ou não, confesso que houve uma ou duas cenas que me embebeceram pelo romantismo, as outras, bem mais pareciam cenas de um filme erótico censurado, por duas ou três vezes disse-me o Moralez – Este filme é feito para homens, não é para mulheres.

Pois que é feito para os dois, porque tem todos os ingredientes para agradar a ambos os sexos, as cenas escaldantes para eles e as românticas para elas.

 

Quanto à maluqueira das mulheres quererem recriar em casa as cenas escaldantes dos filmes, maridos, companheiros, namorados não levem a mal, melhor isso do que quererem recriar as cenas românticas. Já pensaram no assalto que teriam de fazer à conta bancária para proporcionar todo aquele ambiente romântico?

O mais certo era terem mesmo de assaltar um ou vários bancos.

Na impossibilidade de terem o que Grey proporcionava a Anastacia resolverem focar-se na parte que podiam realmente ter em casa, assim ficam todos a ganhar, especialmente a conta bancária.

 

Este filme acrescenta ainda um ponto a favor em relação ao primeiro, o guarda-roupa, no primeiro já não era mau, mas os dois vestidinhos que ela usa neste filme são assim lindos de morrer, serão os vestidos ou as ocasiões?

Fica a dúvida.

Manchester By The Sea

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Na senda de ver todos os filmes candidatos aos Óscares este fim-de-semana foi a vez e Mancherster By The Sea.

Se La La Land foi um valente murro no estômago, Manchester By The Sea foram três e de uma só vez, três murros e uma vontade incontrolável de chorar.

A música dá intensidade, vida aos filmes e se ter uma banda sonora produzida especialmente para um filme é receita para o sucesso, não é menos recorrer aos velhos e bons clássicos, há temas tão bons e tão intensos que simplesmente têm de ser escolhidos.

 

A cena mais dramática da história tem como banda sonora o tema Adagio Per Archi E Organo In Sol Minore – The London Philharmonic Orchestra, adoro o tema, a composição por si só já me comove com a tragédia do filme é simplesmente impossível não sentir empatia, angustia e tristeza pela desgraça das personagens.

Passamos o filme todo com o coração apertado, no início não se entende bem a indiferença do personagem principal, Casey Affleck, no papel de Lee Chandler é uma incógnita que no princípio nos desperta estranheza, mas por quem vamos desenvolvendo empatia e compreensão ao longo do filme.

Evitei ler sobre o filme antes de o ver, se não o fizeram vejam o filme sem o fazerem, acredito que a história assim terá outro impacto.

 

O filme pode parecer um pouco parado, mas a história desenvolve-se ao ritmo da vida das personagens, existindo um paralelismo entre o tempo e o seu estado de espírito.

Não é um filme romântico, é um filme sobre o drama de uma família, sobre uma tragédia e sob a forma como as pessoas lidam com ela, mas é um filme sobre amor.

É um filme sobre o amor e como ele sobrevive e como ele se transforma, é acima de tudo um filme sobre a vida, sobre a desilusão, a perda e o desespero.

Se são sensíveis munam-se de lenços, porque a história toca, toca-nos bem lá no fundo.

Mais um daqueles filmes que nos deixa com um travo amargo na garganta, que nos faz refletir sobre a vida. Um filme excelente, com uma história intensa e muito bem contada.

Um justo candidato aos óscares, mas não creio que seja o vencedor, Casey Affleck melhor que Ryan Gosling mas tem outros candidatos à altura, Michelle Williams esteve bem como sempre, mas muito longe da interpretação de Viola Davis que tem uma presença mais forte em Fences.

Pode não arrecadar nenhum prémio, mas será sempre um excelente filme.

Deixo-vos o tema mais marcante do filme.

 

 

Fences – Uma pequena grande produção

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Fences o filme que junta dois colossos Denzel Washington e Viola Davis é a prova que não é preciso recursos ilimitados, uma grande produção, efeitos especiais ou uma cenografia exuberante para se fazer um grande filme.

Tudo o que é preciso é uma boa história, dois excelentes atores, diálogos bem construídos e interpretados brilhantemente.

O filme retrata a história de Troy Maxson uma antiga promessa do basebol que trabalha na recolha do lixo em Pittsburgh, durante os anos 50, e das suas complicadas relações com a esposa, o filho e os amigos.

O filme, baseado na peça de teatro homónima, é intimista e denso, explora os sentimentos, as emoções e os dilemas das personagens sem subterfúgios ou lugares comuns, vive essencialmente das excelentes interpretações de todo o elenco.

Denzel Washington fiel a si mesmo, fantástico, gigante, é incrível como consegue estar uns cinco ou mais minutos seguidos a falar sem pesar, sem cansar, sem sequer dar vontade de pestanejar.

Se Denzel Washington é bom, Viola Davis é um colosso, é impossível fazer melhor, ela é imensa, enorme, enche o ecrã, envolve-nos e ocupa-nos de compaixão e empatia, a forma como deixa a alma a descoberto, a forma como expõe os seus sentimentos é simplesmente indiscritível.

Dos fimes nomeados apenas vi La La Land e Fences, gosto muito do Ryan Gosling mas Denzel Washington em confronto direto vence, Viola Davis nomeada para melhor atriz secundária sabe-se lá porquê, já que é tão ou mais principal que Denzel Washington merece ganhar sem margem de dúvidas e isto sem sequer ver as prestações das outras candidatas o óscar, porque simplesmente esteve perfeita.

Um filme a não perder.