Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Língua Afiada

Fotógrafos amadores a quererem ser profissionais

O que distingue um profissional de um amador é mesmo o profissionalismo, infelizmente parece que o mundo se esqueceu de um dos significados de profissionalismo, ser profissional não passa apenas por ter brio profissional, ser profissional é fazer algo por ofício, não por passatempo, por gosto ou por achar que se tem jeito.

Infelizmente nas profissões ligadas à comunicação, marketing, design, fotografia, produção, vitrinismo, decoração o que não faltam são pessoas sem qualquer formação profissional a exercerem, o resultado é o que se espera de um amador, falha nos detalhes, é nos detalhes que está o diabo e basta um olhar mais atento para diferenciar um profissional de um jeitoso.

 

Que vendam o seu trabalho como profissionais e a que a maioria dos clientes não perceba e fique satisfeito da vida, não é ético, mas se o cliente não reclama e ainda fica satisfeito, quem sou eu para colocar problemas, agora quando o cliente reclama de forma construtiva, apontando erros e soluções para os mesmos, o amadorismo estende-se da atividade para a dimensão de tratamento do cliente e temos um amador a tratar as pessoas de forma amadora.

Gostar de fotografia, ter bom equipamento fotográfico e um estúdio não fazem de uma pessoa um fotógrafo, para fotografar acima de tudo é preciso ter olho e criatividade, mas mesmo quem tem essa apetência natural necessita de formação.

 

Há uma semana atrás o nosso problema passava por pensarmos que teríamos dificuldade em selecionar apenas algumas fotos de uma sessão, hoje o nosso problema é conseguir selecionar uma quantidade mínima de fotos.

Nos últimos anos é hábito as famílias contratarem as mais diversas sessões fotográficas para ficarem com um registo profissional dos momentos mais importantes, a fotografia profissional passou a estar presente em muito mais ocasiões, mas o que tenho percebido é que o registo nem sempre é profissional.

 

Antes de contratarem uma sessão, mais do que pedir referências, peçam o currículo do fotógrafo, não se guiem pelas fotos que colocam no portfolio, nem pelas opiniões de pessoas que não percebem nada de fotografia, peçam o currículo para perceberem se têm realmente formação na área para não terem dissabores.

É muito fácil ludibriar pais babados com fotos amorosas dos seus filhos, a tendência é olhar para o seu rosto feliz, mas um olhar atento revela falhas inadmissíveis no enquadramento das fotos, que a maioria das pessoas fique feliz e contente com o resultado final não surpreende, as pessoas não têm todas de perceber de fotografia e enquadramento, que tentem tapar o sol com a peneira a quem percebe é que é inadmissível.

 

Sei que eu o meu marido somos clientes exigentes, mas somos muito transparentes e diretos e antes ainda sequer de a sessão começar falamos das nossas profissões, do nosso gosto por fotografia, das nossas expetativas e dos motivos que nos levaram a contratar o serviço, o mínimo que o fotógrafo deveria ter feito era levar isso em consideração, porque se há clientes que gostam de tudo, outros há que por perceberem do assunto e saberem o que querem serão obviamente mais exigentes.

Não faltam ofertas de fotógrafos para sessões fotográficas, verifiquem se são realmente fotógrafos ou uns amadores que resolveram ganhar dinheiro fácil sem qualquer profissionalismo.

 

Todas as pessoas sabem carregar no botão para fotografar, poucas sabem buscar a essência das pessoas, isso é um dom, mas enquadrar bem é o mínimo, estou convencida que há por aí muitas adolescentes com mais olho para a foto que muitos que cobram por acharem que sabem ou percebem alguma coisa de fotografia.

Nostalgia ou alegria?

Num momento de melancolia dei por mim a revisitar fotos antigas, o benefício das redes sociais é levarmos as nossas memórias para todo o lado e a qualquer momento podermos fazer uma viagem ao passado.

É interessante perceber como mudamos, mudanças físicas que acompanham o amadurecimento interior, percecionar como o tempo nos molda os pensamentos e nos esculpe o corpo e o rosto.

Adoro fotografar e ver o resultado, uma das maravilhas das novas tecnologias é conseguirmos tirar fotos a qualquer hora a todos os instantes, mas a facilidade retira encanto e paixão, é tão fácil tirar fotos que até nos esquecemos de as tirar, enquanto se perdem momentos na lente, retêm-se na retina da memória, os melhores não precisam de registo, ficam registados no coração.

Mas os registos fotográficos podem ser fantásticos, ao ver hoje algumas fotos tive desejo de entrar dentro delas e revive-las de novo, uma sensação incrivelmente boa e avassaladora, como se as fotos me atraíssem para elas como os espelhos mágicos dos contos.

Seria tão bom ter a capacidade de revisitar os melhores momentos das nossas vidas, vivê-los novamente, sentir todas as sensações de novo, deslumbrar-nos com a paisagem, sentir os aromas, ouvir os ruídos, sentir todas as emoções.

As fotos transportam-nos à felicidade do passado, fazem-nos recordar momentos com um sorriso nos lábios, esta sensação não é nostalgia, pode até ser saudade, mas acima de tudo pura alegria.

 

 

A beleza real no Calendário Pirelli

O fotógrafo alemão Peter Lindbergh foi o escolhido para realizar a 44ª edição do lendário calendário da marca Pirelli.

As protagonistas são 14 atrizes bem conhecidas: Jessica Chastain, Penélope Cruz, Nicole Kidman, Rooney Mara, Helen Mirren, Julianne Moore, Lupita Nyong'o, Charlotte Rampling, Lea Seydoux, Uma Thurman, Alicia Vikander, Kate Winslet, Robin Wright e Zhang Ziyi.

 

O título escolhido foi "Emocional" e Lindbergh garante que não é um calendário "sobre corpos perfeitos, mas sobre a sensibilidade e a emoção, desnudando a alma das protagonistas, que ficam mais nuas do que o nu” e diz que o objetivo é “lembrar a todos que existe uma beleza diferente, mais real e autêntica, e não manipulada pela propaganda ou outra coisa qualquer. Uma beleza que fala da individualidade, da coragem de ser quem se é e da sensibilidade”.

 

Na minha opinião, este é um dos mais belos calendários da marca porque se centra na pessoa e não na sua imagem, pelas imagens de divulgação percebe-se que o fotógrafo quis realmente fotografar a alma das protagonistas e é possível ver o seu carisma nas fotos.

Isto sim é beleza real de mulheres reais, totalmente diferente das parvoíces que nos têm andado a impingir, desde as campanhas de uma marca de beleza até aos modelos XLL, a beleza real vem de dentro e espelha-se no rosto.

Fotografias cruas, autênticas, despretensiosas, onde as formas são relegadas para segundo plano dando lugar à mensagem, à aura, à sensibilidade e à singularidade de cada uma das protagonistas.

 

A edição de 2016 já quebrou com a tendência, pessoalmente acho que este ano o calendário fica a ganhar pela elegância e pela demonstração de que não é preciso chocar para passar a mensagem.

 

Ações como esta fazem realmente diferença na mudança de mentalidades, há um longo caminho a percorrer contra a objetificação da mulher, sem dúvida que a Pirelli ao abdicar do seu calendário mundialmente famoso e reconhecido pela beleza e sensualidade das intervenientes é um passo gigantesco.

 

Parabéns Peter Lindbergh é preciso muita sensibilidade para captar a sensibilidade os outros.

 

Algumas das fotos:

 

 O vídeo do backstage: