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Língua Afiada

A imaginação dos meus sonhos

Adorava ter o poder de materializar os meus sonhos em imagens ou vídeo, não imaginam as coisas mais estranhas e fantásticas que sonho.

Não sei se será assim com todas as pessoas, mas eu tenho uma imaginação muitíssimo fértil no que toca a sonhos, não só para situações insólitas, como para os cenários onde decorrem.

Sonho com locais que nunca vi, que nunca imaginei de olhos abertos, desde casas maravilhosas a cidades inteiras e até países que não existem, nalguns sonhos os locais são tão idílicos que fico na dúvida se não terei visto as imagens numa revista de viagens, esforço-me um pouco para recordar os detalhes e percebo que não, os locais só existem mesmo na minha imaginação.

 

Já me aconteceu sonhar com locais repetidos, e por inusitado que possa parecer é bom voltar a esses locais, alguns que sonhei ainda em criança, é raro acontecer, ou é pelo menos raro lembrar-me de regressar aos mesmos sonhos, mas quando acontece sinto-me feliz, pois sempre que regresso memorizo um pouco mais do cenário do sonho.

As situações que recrio às vezes são tão interessantes que mesmo depois de acordada fico a sonhar com elas, a explorar a situação, a tentar recordar o que sonhei e a imaginar a continuação do sonho.

 

Esta semana acordei de um sonho de ficção cientifica, eu e um grupo de pessoas tínhamos sido raptados por outra espécie e levados para um planeta distante para sermos testados, não consigo recordar detalhes dos testes, apenas recordo alguns espaços e caras de pessoas que nunca vi na minha vida, recordo-me apenas da última parte, estávamos a ser enviados para Terra onde a nossa família nos julgava num campo de férias e os dois meses de férias tinham sido na verdade naquela realidade dois anos, antes de nos enviarem apagaram-nos as memórias, mas a minha não foi apagada totalmente, pois um dos cientistas permitiu que ficasse com a memória dele, mas não da nossa história, acordei na Terra apaixonada por um homem sem saber como, uma sensação indiscritível.

Estávamos todos juntos a almoçar no barco que nos iria levar a casa, supostamente teríamos passado ali os dois meses, de repente uma rapariga sentiu-se mal e eu sabia que ela tinha de se recordar de uma palavra-chave para que fosse resgatada. A viagem entre planetas envolvia uma espécie de desintegração e reintegração molecular que poderia ter efeitos secundários.

Dou por mim a discutir com outro jovem sobre o que fazer e a contar-lhe que me recordava da verdade, mas que ninguém mais parecia saber onde tinha estado, depois de lhe dar alguns detalhes ele próprio teve um flash do que tinha vivido, estávamos ambos em pânico porque percebemos que a maioria de nós estava doente e os dois não tínhamos ideia do que fazer.

 

Entretanto o telemóvel despertou e eu fiquei a pensar no que poderia acontecer a seguir.

Isto é só um exemplo, poderia contar dezenas de fragmentos de histórias sem sentido, em mundos e realidades inventadas, se conseguisse materializar os meus sonhos seria tão interessante.

 

E os vossos sonhos como são? 

Teorema de Pitágoras

Sempre adorei o nome deste teorema matemático, que apesar de dever o seu nome ao homem que se acredita o ter descoberto, tem um certo charme pitoresco.

O quadrado da hipotenusa é igual à soma do quadrado dos catetos.

Nunca percebi a dificuldade que alguns colegas tinham em decorar este teorema, a mim, que nunca fui um ás a matemática pareceu-me sempre uma coisa básica.

 

No décimo ano a minha professora de matemática achou por bem elucidar-nos de vez do Teorema de Pitágoras, a Sra. Engenheira (não me recordo do nome dela) que explicava e reexplicava os problemas e as equações sempre da mesma forma sem que 80% da turma percebesse o que estava a dizer podia ser péssima professora, mas ensinou-nos o Teorema de Pitágoras para a vida.

Na minha turma andava o chamado pão da escola, um rapaz mais alto que a média, cabelos pretos, moreno, de olhos verdes e um corpo talhado pelo futebol profissional faziam com que fosse o campeão dos suspiros e esses suspiros eram gerais desde as alunas às professoras, passando pelas auxiliares educativas e administrativas.

Nem o defeito da arrogância ou altivez característicos de quem atrai atenção lhe podíamos atribuir, o rapaz era tímido, calado e introvertido, tinha uma simpatia discreta e um sorriso franco. Poder-se-ia dizer que o seu defeito seria mesmo ser demasiado tímido.

 

E a Sra. Engenheira gostava dele, era a única aula em que ele se sentava na primeira fila, mesmo em frente à secretária dela, fácil de perceber, embora ela não tivesse grandes atributos gostava de se sentar em cima da secretária e cruzar a perna quando usava saia e antes da aula desapertava sempre o terceiro botão da blusa de seda.

Naquele dia farta de explicar o Teorema de Pitágoras ao meu colega que estava mais interessado no decote do que no Teorema, aproximou-se dele, baixou-se ao nível dos seus olhos e da forma mais melosa que conseguiu com a sua voz esganiçada explicou o Teorema tomando como exemplo o triângulo do seu nariz, dizendo enquanto deslizava os dedos pelos nariz, quando pensarem no Teorema pensem num dos lados do nariz, a soma do quadrado dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa, a hipotenusa é a cana do nariz e volta a deslizar o dedo indicador pelo nariz do meu colega.

 

A partir desse dia o Teorema de Pitágoras ficou sabido e decorado para toda a turma, menos para o meu colega que não conseguiu ver, nem ouvir nada pois estava demasiado focado no decote pronunciado da professora que ficou bem ao nível dos seus olhos.

A matemática não tem de ser aborrecida é tudo uma questão de perspetiva e de inspiração.

Infelizmente a única coisa que aprendemos com a Sra. Engenheira foi o Teorema de Pitágoras, pois a vocação dela para ensinar era nula e os campeões de matemática da turma percebiam mais de senos e cossenos que ela própria.