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Língua Afiada

Faltas justificadas no trabalho por luto a animais de companhia

Entendo perfeitamente que para muitas pessoas um animal de companhia seja realmente a sua companhia e que a sua partida seja dolorosa.

Entendo que quem tem animais quando os tem de levar ao veterinário possa eventualmente ter de faltar ao trabalho para o fazer.

Mas tenho umas certas dúvidas existenciais em relação a estes temas:

- Estará certo ter direito a período de nojo por um animal, quando não o temos por um tio, por um sobrinho, por um namorado, por um amigo?

- Estará certo exigir isto sem falarmos que pela morte de um irmão ou de um neto temos de nos recompor em dois dias?

- Será correto pedir para termos dias para assistência a animais, quando a assistência a filhos e a outros familiares é tão complicada?

Não quero com isto desvalorizar o pedido, mas tenho dificuldade em entender que não possamos ter um período de luto por um familiar ou amigo e possamos ter por um animal, por mais especial e significativo que ele seja para nós.

Adoro animais, mas nunca consegui elevar os animais ao estatuto das pessoas, os meus animais fazem-me falta, são parte da minha vida, preenchem-na e dão-lhe mais cor, mais alegria, mas por mais amor que lhes tenha, não os amo como amo a minha família e os meus amigos, é um amor diferente.

Não devemos invalidar os direitos dos animais pela falta de direitos, melhor dizendo, pelo incumprimento dos direitos, das pessoas, até porque da legislação ao cumprimento da mesma há uma distância enorme que muitas vezes não se cumpre, mas num tempo em que as famílias e os grupos de amigos encolhem a uma velocidade atroz, deveríamos pensar em proteger esse núcleo central na vida das pessoas.

Neste momento o que a lei me diz é que um tio, um sobrinho, um primo, um namorado e um amigo não são suficientemente importantes na minha vida para ter direito a prestar-lhes uma última homenagem.

Onde vivo, há uns anos, quando falecia alguém as pessoas reuniam-se nos velórios e funerais, todos os vizinhos, amigos e claro familiares se reuniam para se despedir, para honrar a memória do morto e prestar auxílio e apoio à família.

Com o passar do tempo os funerais tornaram-se cada vez mais pequenos, mais solitários e mais frios, as pessoas não podem faltar ao trabalho, as pessoas não podem tirar uns instantes das suas vidas só porque a vida de alguém parou, porque o mundo continua a girar é preciso participar na roda da economia e das aparências.

Vivemos dias sombrios, onde as despedidas são ainda mais dolorosas pela falta do toque, do beijo, do abraço, não façamos deste tempo, do novo normal como dizem, um eterno normal, não nos desapeguemos das pessoas, não nos esqueçamos que todos precisamos de carinho e afetos, não quero viver num mundo onde ninguém se abraça, onde os beijos são proibidos e os afagos um problema.

Haverá sempre um antes e um depois do Corona Vírus, vamos garantir que o depois é melhor do que o antes.

Não é resistência à mudança, é resistência à regressão

Podem dourar a pílula, podem afirmar com factos comprovados que resulta, que faz a economia crescer, que era necessário cortar o mal pela raiz e mudar o panorama político, não me convencem.

Há muitas formas de mudança, nem sempre a mudança representa evolução per si, um corte com os partidos e políticos tradicionais não significa uma mudança positiva, significa apenas e só que o povo está cansado, exausto e aflito, precisamente nas condições ideais de ficar nas mãos dos lunáticos, dos populistas, dos ditadores.

Escudados pela loucura que se atribui e se desvaloriza nos génios, nos corajosos, nos arrojados, justificam-se ideias e ideais inconcebíveis, como se a prosperidade momentânea ou prometida anulasse as atrocidades veladas nos discursos carregados de ódio, racismo, misoginia e xenofobismo.

Não podemos ignorar a verborreia entalada nas promessas, esperando que só as medidas boas produzam frutos, muito menos podemos depositar esperanças nos restantes órgãos governativos para impedir que a democracia dê lugar uma ditadura.

Ao elegermos legitmamente um candidato a ditador, ao elegermos legitmamente um candidato fascista, ao elegermos legitmamente um candidato que acredita que não somos todos iguais, estamos a mandata-lo para instituir no país uma ditadura, um regime fascista e para destituir a liberdade e a igualdade.

Uma pessoa só não é perigosa, o perigo reside nas suas ideais, na sua propaganda ilusória e comprometedora, na sua agenda, nos planos que não divulga, nos cordelinhos que são mexidos em surdina nos bastidores.

Esperam-se tempos sombrios para o mundo, não é tempo de perigo para o Brasil, o perigo é global à medida que os ideais e a propaganda nacionalista e fascista penetram na mente das pessoas como sendo o único caminho para mudar a conjuntura.

O problema não reside no sistema, não há outro melhor que o democrático, o problema reside nas pessoas, nas manadas que são guiadas por quem as governa, as pessoas serão sempre o problema, mas mil vezes pessoas que acreditam e defendem a liberdade e a igualdade do que pessoas que querem amordaçar e distribuir a liberdade apenas por aqueles que consideram dignos.

Portugal vestido de cinzento

O ar tornou-se irrespirável, no horizonte e norte a sul e de este a oeste o céu é cinzento e denso, mas não é prenúncio de chuva, é consequência da nuvem gigante de fumo que nos assombra.

Portugal ardeu e continua a arder como uma folha de papel que jogamos na lareira e vemos encolher e sucumbir às chamas, impotentes e devastadas as populações lutam com o que têm e não têm até ao último momento, algumas lutam até à morte, pois torna-se demasiado tarde para fugir.

E no meio da desgraça, do medo, do terror, temos de ouvir dos responsáveis palavras como estas:

 

“Têm de ser as próprias comunidades a ser proactivas e não ficarmos todos à espera que apareçam os nossos bombeiros e aviões para nos resolver os problemas. Temos de nos auto proteger, isso é fundamental”, disse Jorge Gomes, secretário de Estado da Administração Interna à SIC-Notícias.

 

O que as comunidades não podem com certeza esperar é algo dos governantes.

Guardem as palmadinhas nas costas, os discursos comoventes encenados, a lengalenga dos relatórios, das responsabilidades e dos inquéritos.

O que acontece em Portugal é negligência criminosa, é uma total desresponsabilização dos organismos que deveriam assegurar o bem-estar da floresta portuguesa, um património de todos nós e de valor inestimável.

Se um cidadão atento e informado sabe que a nossa floresta é um rastilho as autoridades e governantes há muito mais tempo que o sabem.

Por acaso a subida da temperatura média é alguma novidade?

Por acaso a má gestão da floresta é um tema recente?

Por acaso o negócio do combate aos incêndios surgiu agora?

Por acaso as medidas de coação e penas para incendiários só agora se mostraram insuficientes?

Mas alguém ousa culpar o clima por este desvario? Como?

Com que coragem? Com que desplante dizem que a culpa é das temperaturas?

Com que descaramento diz António Costa que isto voltará a acontecer?

Por acaso só sabe agora da situação crítica do país?

Acordou agora da sua ilusão da prosperidade e crescimento?

Farão os incêndios parte da estratégia para baixar o défice?

E que faremos nós perante tamanha tragédia ecológica e humana?

Vamos fazer concertos solidários? Doar dinheiro que ninguém sabe como é gerido?

Vamos consolar as famílias que ficaram sem nada?

 

O que deveríamos fazer é exigir responsabilidades, dos de hoje e dos de ontem, dos que durante anos e anos sucessivamente contribuíram para o estado de calamidade em que este país se encontra.

Deixemo-nos de compaixão, o que é importante agora é lutar pela justiça, parafraseando Jorge Gomes:

 

Têm de ser as próprias comunidades a ser proactivas e não ficarmos todos à espera que apareçam os polícias e os juízes para nos resolver os problemas. Temos de nos auto proteger isso é fundamental.

 

Dado o estado da democracia em Portugal talvez seja realmente melhor devolver o poder ao povo para resolver os assuntos pelas próprias mãos.

Este país necessita de uma purga, é urgente que se este desgoverno termine, basta de compadrios, corrupção, ilusões e assaltos aos nossos bolsos.

Ah esperem estamos a falar de Portugal o país que elege corruptos condenados como presidentes de câmara e recebe em coro um ex-primeiro-ministro acusado de mais de 30 crimes.

Triste por ver este meu país a arder, mas ainda mais triste por saber que toda esta dor é em vão, pois este sofrimento, esta impotência, este sentido de injustiça perdurará, pois se até o primeiro-ministro admite que voltará a acontecer, é porque não tem intenções de resolver o problema.

 

Há uma expressão que diz devia-lhe nascer um pessegueiro…, a todos os que compactuaram para este cenário dantesco devias-lhe nascer um eucalipto a arder...