Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Língua Afiada

Sustentabilidade

Sustentabilidade a palavra de ordem do século 21, a palavra da moda, ouvimo-la em discursos políticos, em palestras de economia, nas aulas, nas notícias, nos estudos, escrita nas missões das empresas, impregnada nos objetivos empresariais e pessoais, o crescimento sustentado é a solução para todos os problemas, o santo Gral da economia, do capitalismo, do sucesso.

 

Vivemos e respiramos para a sustentabilidade, mas esquecemo-nos da sustentabilidade mais importante, a sustentabilidade da vida.

 

Não me refiro à sustentabilidade da nossa vida, a essa série de eventos que acontece entre o nascimento e a morte de uma pessoa, essa vida nada mais é que uma gota que cai na terra instantaneamente absorvida e esquecia, matéria que se transforma e reintegra, uma infinidade de nada na vastidão do Universo, um mícron no tempo dos Planetas.

Refiro-me à vida na verdadeira ascensão da palavra, a todos os seres vivos, ao ecossistema terrestre, ao Planeta azul o único planeta vivo que conhecemos, a única sustentabilidade que nos deveria preocupar neste momento é a da Terra.

 

O único ser vivo com consciência, o humano, é o mais limitado, somos e fomos capazes de grandes feitos, a evolução da nossa espécie até aqui é mais fácil de explicar através de um milagre do que pela ciência, e no entanto com tanto conhecimento, tanta ciência, tanta tecnologia somos tão limitados e tão ignorantes, estupidamente certos que o importante é o tempo que aqui passamos mesmo que para isso em vez de deixarmos um legado, deixemos um rasto de destruição, tão presos ao nosso bem-estar e egoísmo que escolhemos ignorar o que se passa à nossa volta, contribuindo para o esgotamento, desastre e colapso do mundo.

Tenho vontade de rir quando vejo as pessoas preocupadas com a subida dos juros ou com a possibilidade de uma nova crise económica, ainda mais me rio quando se preocupam em ter dinheiro para o telemóvel mais recente ou quando perdem tempo em comparações de poder económico, cegas pela vaidade e pela ganância, afinal não basta ter dinheiro é preciso que os outros saibam que o têm.

 

Ontem chorei ao ver as imagens do conflito em Ghouta Oriental, senti-me pequenina, insignificante e petulante por estar confortavelmente sentada no sofá, com alguém que amo ao meu lado, depois de um jantar farto após um dia de trabalho produtivo, senti-me encolher perante aquela realidade atroz, o que fazemos? Continuamos as nossas vidas, afinal temos os nossos próprios problemas, os nossos dilemas e não podemos estar sempre a pensar nas desgraças do mundo, é isso que dizemos a nós próprios para conseguirmos fechar os olhos e dormir um sono descansado.

Não dormi bem, estava demasiado agitada, nem o filme que vi depois me fez desligar daquelas imagens, do menino que gritava desamparado e inconsolável.

 

Poderíamos preparar um mundo melhor para todos, mas os homens preferem brincar a quem tem mais poder, quem é que assusta mais, mais parecem que estão no wc do infantário a medir os órgãos genitais.

Enquanto a guerra e a fome assolam países inteiros, quando acontece um genocídio em pleno século XXI acobertado por um Nobel da Paz, continuamos impávidos e serenos e se a morte e desgraçado dos outros não nos afeta, a ameaça de morrermos à fome deveria, mas o que nos preocupa realmente é saber se amanhã chove ou faz sol.

 

O Planeta Azul deixou de sustentável, deixou de conseguir providenciar fartura para a nossa fome insaciável de tudo, exploramos desenfreadamente os seus recursos naturais e damos-lhe lixo, uma troca injusta e impossível de sustentar, por mais espetacular e fantástico que seja o nosso ecossistema, há limites e nós há muito que os ultrapassamos.

Hoje, nem que seja só por hoje, não estou preocupada com política, economia, dinheiro, estou preocupada com a sustentabilidade da Terra, pensativa, inquisitiva, será este mundo que queremos deixar para as próximas gerações, merecerão os nossos descendentes herdar esta sociedade consumista e egoísta?

 

Em breve teremos uma crise do bem mais essencial à vida, teremos uma crise de água potável, mas ninguém parece realmente preocupado, ao mesmo tempo culturas estão ameaçadas pelo aumento da temperatura global, os oceanos e consequentemente os peixes estão poluídos, o consumo excessivo de carne de vaca está diretamente ligado à destruição da camada de ozono, temos culturais intensivas de cereais transgénicos, uma desfloração excessiva afeta a qualidade do ar, estamos a matar o pulmão do mundo, mas o que interessa é saber quem é mais perigoso e quem manda mais.

Somos tão pequeninos, tão inconsequentes, crianças mimadas e egoístas, somos os criminosos que nunca serão julgados, cujos crimes só serão reconhecidos quando formos pó, passado e nada.

 

Talvez sejamos ainda julgados, talvez seja ainda neste século que a catástrofe natural e ambiental nos esmague na nossa insignificância, talvez tenhamos de enfrentar os crimes que cometemos, o dia do juízo final não será ministrado por uma entidade celestial, mas uma entidade celeste, o nosso próprio planeta.

Não há duas em três – o siso que faltava

Lembram-se da minha saga com o dento do siso do lado direito?

É claro que não se lembram, que isso não interessa a ninguém só mesmo a mim que sinto as dores.

Pois bem, escrevi neste post que estava preocupada porque o siso do lado direito já me tinha mandado para dentista duas vezes e o esquerdo ainda nem sequer tinha dado sinal de vida.

Dizia eu no fim-de-semana ao meu afilhado lindo que se tivesse os dentes como a madrinha iria ter sorte, sorte até ao nascimento dos sisos, mais valia estar calada.

 

Nunca pensei que isto de ganhar juízo doesse efetivamente, dói na alma perder a magia da irresponsabilidade, aquela sensação de risco iminente, sabermos que as nossas ações podem correr mal, mas que há todo o tempo do mundo para as corrigirmos, afinal temos a vida adulta toda para sermos responsáveis e ponderados.

Agora doer fisicamente nunca imaginei, mas os meus queridos sisos estão a dar luta, não querem que tenha o juízo total e por isso não se limitam a aparecer e a tomar conta da situação, não, querem ficar inclusos por mais uns tempos, têm medo de envelhecer e querem ficar protegidos pela gengiva.

Meu querido siso esquerdo nada temas, eu agora até deixei de colocar açúcar no café, quase não como doces, escovo muitas vezes os dentes e com pasta de marca, nada de marcas de insígnia, uso elixir e fio dentário sempre que sinto necessidade e os meus dentes são branquinhos, não precisas ficar preocupado com manchas, não tenho cáries para te transmitir, tenho uma boca saudável, o ambiente prefeito para tu cresceres e seres muito feliz.

 

Faz-me feliz e aparece, sem dramas, verás que a vida cá fora é muito agradável e irás provar imensas coisas saborosas, irás sentir-te útil, ou não que na verdade não serves para nada, vá não tenhas receios, os teus irmãos mais velhos estão à tua espera.

Sê um bom menino e não te faças de difícil é que se te não mostrares a bem, mostras-te a mal, não, não é uma ameaça é uma promessa.

Raio de sisos, passava tão bem sem eles!

Dentista vs Ginecologista – Conclusão

Depois da contagem e análise dos vossos votos a conclusão foi que apesar de ser muito desconfortável sentarmo-nos com as pernas elevadas e com o rabo quase a cair da cadeira qual equilibristas no fim de contas ir ao Dentista é mais assustador do que ir ao Ginecologista.

 

Dentista – 9 votos
Ginecologista – 5 votos

 

Outros resultados:

A maioria prefere dar um arroto a dar um pum, nada de novo aqui.

Entre inspecionar a boca e as entranhas as opiniões dividem-se já que é desconfortável ter alguém a inspecionar seja o que for no nosso corpo e ponto, aqui houve bastante consenso.

 

Notas interessantes:

Apesar de nas perguntas em geral as respostas recaírem mais sobre o desconforto que é ir ao ginecologista no final as entrevistadas acabam por dizer que é pior ir ao dentista.

Ficou provado que isto se deve ao medo do que possa acontecer no dentista, ou seja há mais receio em ter a boca aberta do que as pernas.

 

Enviesamento:

Possibilidade de existir um enviesamento do resultado devido à aparência física dos dentistas, a beleza e charme dos profissionais parece influenciar o nível de terror das pacientes.

 

Conclusão:

Ir ao dentista é pior do que ir ao ginecologista.

 

Dica:

Escolham dentistas bem-parecidos, profissionais atraentes melhoraram substancialmente a relação com a cadeira de terror.

 

Obrigada a todas as participantes.