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Língua Afiada

Nostalgia ou alegria?

Num momento de melancolia dei por mim a revisitar fotos antigas, o benefício das redes sociais é levarmos as nossas memórias para todo o lado e a qualquer momento podermos fazer uma viagem ao passado.

É interessante perceber como mudamos, mudanças físicas que acompanham o amadurecimento interior, percecionar como o tempo nos molda os pensamentos e nos esculpe o corpo e o rosto.

Adoro fotografar e ver o resultado, uma das maravilhas das novas tecnologias é conseguirmos tirar fotos a qualquer hora a todos os instantes, mas a facilidade retira encanto e paixão, é tão fácil tirar fotos que até nos esquecemos de as tirar, enquanto se perdem momentos na lente, retêm-se na retina da memória, os melhores não precisam de registo, ficam registados no coração.

Mas os registos fotográficos podem ser fantásticos, ao ver hoje algumas fotos tive desejo de entrar dentro delas e revive-las de novo, uma sensação incrivelmente boa e avassaladora, como se as fotos me atraíssem para elas como os espelhos mágicos dos contos.

Seria tão bom ter a capacidade de revisitar os melhores momentos das nossas vidas, vivê-los novamente, sentir todas as sensações de novo, deslumbrar-nos com a paisagem, sentir os aromas, ouvir os ruídos, sentir todas as emoções.

As fotos transportam-nos à felicidade do passado, fazem-nos recordar momentos com um sorriso nos lábios, esta sensação não é nostalgia, pode até ser saudade, mas acima de tudo pura alegria.

 

 

Fashion baby

Não sou uma fashion blogger, muito longe disso, mas fui uma criança muito fashion.

Estava à procura de uma imagem que ilustrasse isso para mostrar à Chic’Ana quando me deparei com uma imagem.

 

Só não liguei à minha mãe a perguntar se tinha sido modelo em bebé porque tenho a certeza que não fui e porque a imagem é muito recente, mas juro, juro que esta menina poderia ser eu.

 

Parece uma sósia da minha infância, é a cor do cabelo, são os caracóis tímidos só no terminar, o nariz empinado, o recorte dos olhos, as bochechas, as pernas gorduchas e os saltos, era frequente eu calçar os saltos mais altos que encontrasse.

 

Apresento-vos a Baby Psicogata:

CALÇADO.jpg

 

E vocês como eram em crianças? Já se cruzaram com alguma sósia?

Deixo-vos o desafio de encontrarem uma :)

Teorema de Pitágoras

Sempre adorei o nome deste teorema matemático, que apesar de dever o seu nome ao homem que se acredita o ter descoberto, tem um certo charme pitoresco.

O quadrado da hipotenusa é igual à soma do quadrado dos catetos.

Nunca percebi a dificuldade que alguns colegas tinham em decorar este teorema, a mim, que nunca fui um ás a matemática pareceu-me sempre uma coisa básica.

 

No décimo ano a minha professora de matemática achou por bem elucidar-nos de vez do Teorema de Pitágoras, a Sra. Engenheira (não me recordo do nome dela) que explicava e reexplicava os problemas e as equações sempre da mesma forma sem que 80% da turma percebesse o que estava a dizer podia ser péssima professora, mas ensinou-nos o Teorema de Pitágoras para a vida.

Na minha turma andava o chamado pão da escola, um rapaz mais alto que a média, cabelos pretos, moreno, de olhos verdes e um corpo talhado pelo futebol profissional faziam com que fosse o campeão dos suspiros e esses suspiros eram gerais desde as alunas às professoras, passando pelas auxiliares educativas e administrativas.

Nem o defeito da arrogância ou altivez característicos de quem atrai atenção lhe podíamos atribuir, o rapaz era tímido, calado e introvertido, tinha uma simpatia discreta e um sorriso franco. Poder-se-ia dizer que o seu defeito seria mesmo ser demasiado tímido.

 

E a Sra. Engenheira gostava dele, era a única aula em que ele se sentava na primeira fila, mesmo em frente à secretária dela, fácil de perceber, embora ela não tivesse grandes atributos gostava de se sentar em cima da secretária e cruzar a perna quando usava saia e antes da aula desapertava sempre o terceiro botão da blusa de seda.

Naquele dia farta de explicar o Teorema de Pitágoras ao meu colega que estava mais interessado no decote do que no Teorema, aproximou-se dele, baixou-se ao nível dos seus olhos e da forma mais melosa que conseguiu com a sua voz esganiçada explicou o Teorema tomando como exemplo o triângulo do seu nariz, dizendo enquanto deslizava os dedos pelos nariz, quando pensarem no Teorema pensem num dos lados do nariz, a soma do quadrado dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa, a hipotenusa é a cana do nariz e volta a deslizar o dedo indicador pelo nariz do meu colega.

 

A partir desse dia o Teorema de Pitágoras ficou sabido e decorado para toda a turma, menos para o meu colega que não conseguiu ver, nem ouvir nada pois estava demasiado focado no decote pronunciado da professora que ficou bem ao nível dos seus olhos.

A matemática não tem de ser aborrecida é tudo uma questão de perspetiva e de inspiração.

Infelizmente a única coisa que aprendemos com a Sra. Engenheira foi o Teorema de Pitágoras, pois a vocação dela para ensinar era nula e os campeões de matemática da turma percebiam mais de senos e cossenos que ela própria.