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Língua Afiada

Obrigatório ver – A vida no nosso planeta com David Attenborough

 

 

"Este documentário único conta a história da vida no nosso planeta através do homem que já viu mais da natureza do que qualquer outro", explica a Netflix.

Após dedicar a vida a relatar a vida selvagem, David Attenborough dá o seu testemunho sobre o nosso planeta, o seu relato é impressionante, avassalador, desolador, mas esperançoso, ainda estamos a tempo de travar o declínio da espécie humana, que segundo David Attenborough está muito próximo se não mudarmos o nosso comportamento.

Quando falamos de alterações climáticas e das suas consequências, pensamos sempre no planeta, nos ecossistemas e na extinção de diversas espécies, mas logo vozes se ouvem que o planeta não morre, regenera, com mais facilidade e mais rapidez do que se imagina, mas isso não quer dizer que todas as espécies o acompanhem nessa regeneração.

 Não é o planeta que está que causa, é a continuidade da espécie humana.

Do alto da nossa superioridade intelectual podemos achar que somos a espécie dominante, a mais forte, mas isso não é garantia que não possamos ser extintos, caminhamos a passos largos para sermos responsáveis pela nossa própria extinção e connosco arrastaremos milhares de espécies, mas não o planeta, esse continuará vivo muito para além da extinção dos humanos.

Este documentário ao contrário de tantos outros não extrapola, não conjetura, é o relato de uma pessoa que acompanhou de perto a natureza e vivenciou, experienciou ao vivo a sua degradação, a vida selvagem está gravemente ameaçada, mas a pressão que exercemos sobre ela todos os dias não acabará com a vida selvagem, acabará com a raça humana e livre de nós o planeta curar-se-á e novas espécies o povoarão e não tenho dúvidas que será um colorido de uma beleza estonteante de biodiversidade e evolução, mas que não estaremos cá para documentar.

Numa 1h e 30m tudo é explicado de forma simples e concisa, muitos dos mitos são desconstruídos e acredito que após a visualização deste documentário só mesmo os que preferem continuar na ignorância é que podem ignorar o maior problema, o maior desafio da raça humana e também a nossa maior oportunidade de evolução.

O mais interessante é David Attenborough dá-nos a solução, indica-nos o caminho para viver em harmonia com a natureza e a vida selvagem para evitar que um dia todas os locais outrora habitados sejam assim:

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Imagens atuais de Chernobyl- 30 anos depois da tragédia a Natureza reclama assim o seu território.

Desaparecem os pássaros da Europa

Poderia estar a referir-me às pessoas, vejo cada vez mais pessoas desprovidas de asas que as possam fazer voar, os sonhos megalómanos acumulam-se como fosse possível formarem degraus até ao topo, mas a matéria, a consistência que faz alguém realmente voar está em vias de extinção, o cultivo da mente, do intelecto, do pensamento livre e da diferença desaparecem da sociedade na proporção que se perdem valores como empatia, solidariedade, amizade.

Refiro-me, no entanto, aos pássaros que nascem com asas e que a Humanidade invejou desde sempre pela sua capacidade de voar, pela liberdade, beleza e graciosidade, os pássaros que inspiraram e continuam a inspirar poetas, músicos, cientistas, arquitetos e engenheiros.

 

Os pássaros estão a desaparecer da Europa Ocidental, embora em Portugal não existam dados tão concretos como os apurados em França e Inglaterra, esta realidade é bem conhecida pelos ambientalistas e pelas pessoas que vivem ou visitam com frequência os meios rurais, pessoalmente já havia constatado que existem menos espécies e as que perduram existem em menor quantidade, até os pardais escasseiam nas manhãs de Primavera.

Os pássaros desaparecem porque destruímos a sua cadeia alimentar, sem insetos não há alimento para eles, continuamos a expurgar as nossas plantações, hortas e jardins de insetos, não nos importamos de ver borboletas e joaninhas, mas praticamente abominamos todos os outros, com eles desaparecem também os sapos, os ouriços-cacheiros e os insetos do topo da cadeia como libelinhas, escaravelhos e aranhas.

 

Os ecossistemas são frágeis e dependem das cadeias alimentares que neles existem, mexer na base da cadeia alimentar tem implicações até ao topo, neste caso até aos homens, mas continuamos a preferir esquecer essa realidade porque no curto-prazo o que interessa é produzir mais, mais rápido e mais bonito, a beleza e a perfeição das culturas é mais importante do que o seu sabor e os seus valores nutricionais.

A base de tudo é o lucro, a oferta e o desperdício, há cada vez mais desperdício de comida, o mundo está num desequilíbrio profundo, a comida abunda onde existe menos pessoas e escasseia nas zonas sobrepovoadas.

 

E os pássaros definham na Europa, um dia perscrutaremos o céu à procura de andorinhas e tudo o que veremos será ar, despedido, sozinho, o que será dos montes e vales, dos prados e dos rios sem pássaros a colorir a paisagem?

Estamos a ficar mais pobres em biodiversidade, beleza, sons, paisagem e estas notícias que nos deveriam fazer parar para pensar no rumo que a Natureza leva pelas nossas mãos passam pelos pingos da chuva, mesmo que essa chuva seja uma tempestade devastadora.

 

Um dia acordaremos e não reconheceremos esse mundo, um dia pensaremos estar num filme catastrófico no futuro, esfregando os olhos perceberemos que afinal estamos no presente.

Incêndios queimam cenários únicos da Natureza

Calor e incêndios são duas palavras que parecem andar de mãos-dadas em Portugal, com a agravante da seca prolongada que se abate sob o país este fim-de-semana foi negro para a floresta portuguesa.

Ontem, no meio das montanhas avistava-se fumo de todos os lados, não tardou a sentir-se o seu cheiro e a que as cinzas e faúlas pintassem o chão, estávamos numa localização privilegiada pelos ventos e passamos incólumes ao fumo, o ar era respirável, mas a paisagem desoladora.

 

A viagem para casa fez-se de lume e fumo, passamos ao lado de um incêndio e o fumo foi quase constante ao longo do percurso, dando tréguas apenas nas zonas mais elevadas, fiquei com dores nas narinas, o fumo parecia ácido, queimava, o ar era pesado, insuficiente e custoso de respirar.

Já perto do Porto o cenário não era melhor, fumo por todo lado, um pôr-do-sol incandescente no meio da paisagem cinzenta.

 

Temos uma paisagem tão bela, tão única, montanhas até perder a vista, granito salpicado de verde, castanho e laranja onde rochas e floresta convivem com tecnologia, como se as pás eólicas fossem vira-ventos de crianças gigantes.

Entristecedor ver a paisagem que num dia nos faz perder a respiração pela sua beleza única e avassaladora no dia seguinte obrigar-nos a suster a respiração para não queimarmos os pulmões.

Desolador ver cenários únicos, edificados minuciosamente e laboriosamente pela Natureza desaparecem assim, consumidos pelas chamas em segundos.