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Língua Afiada

Não se aceitam conselhos da Ryanair, só pedidos de ajuda da TAP

O que se tem passado em Portugal é tão grave, tão inconcebível que temos empresas externas a apresentar queixas contra o Governo português, um Governo que apesar de ser soberano, tem de responder não só a EU, mas aos contribuintes, mas os contribuintes andam demasiado distraídos para pedir contas, já as empresas parecem estar mais atentas e decididas a defender os seus interesses.

O Tribunal Geral de Justiça Europeu aceitou a queixa da Ryanair, anulando a ajuda de 1.200 milhões de euros dada no ano passado à TAP. Ao mesmo tempo, o tribunal suspendeu os efeitos dessa decisão até à Comissão Europeia ter oportunidade de fundamentar melhor as razões que a levaram a aprovar este auxílio do Estado, na sequência da crise pandémica.

É claro que acusam a Ryanair de estar em guerra comercial e de querer aproveitar-se de uma possível falência da Tap, a Ryanair, por seu lado, reconhece que Portugal tem o direito de investir na TAP, mas lamenta que os três mil milhões de euros (até agora a TAP recebeu 1.662 milhões de euros) de fundos escassos dos contribuintes estejam a ser desviados de investimentos em escolas e hospitais para subsidiar uma companhia como a TAP que descreve como “falhada” e com “preços altos”.

O Executivo acusa a Ryanair de não respeitar os direitos laborais portugueses e de só estar a defender os interesses dos seus acionistas, a resposta não tardou, “Continuaremos a reconhecer os direitos dos nossos trabalhadores […], pagando aos nossos pilotos até 150.000 euros por ano e à nossa tripulação de cabine entre 30.000 euros e 40.000 euros, o que é o dobro do que o ministro paga às enfermeiras e professores em Portugal”

Devo dizer que aqui estou do lado da Ryanair, se colocarmos de um lado da balança a proteção do emprego e do outro um rendimento condigno, sinceramente acho que para a economia e para todos seria melhor receber ordenados mais altos.

É preciso mudar quase tudo em Portugal, mas é urgente mudar a forma como as empresas são vistas, não podemos ter de um lado as milionárias que ora são injetadas por capital de todos nós, ora são devedoras dos bancos, dívida que somos todos nós a pagar e do outro lado as que são vistas como porquinhos mealheiros para o Estado que todos os dias fazem um esforço ingrato para fazer face à carga fiscal.

Não antevejo uma solução a curto-prazo, os partidos políticos estão completamente ultrapassados, o PS acha que é o dono disto tudo, controla tudo e não tem verdadeiramente ninguém que lhes faça frente, o BE acha que salva tudo com a lapidação das grandes fortunas, incapaz de perceber que não se gera riqueza a roubar a quem é empreendedor, mas sim a aprender com eles, o PSD é uma anedota, os ares Lisboetas devem ter afetado a cabeça a Rui Rio que parece ter em vez de espinha dorsal gelatina, CDS-PP não tem espaço político, CDU está completamente ultrapassado, ainda estão presos no século passado e o Chega é uma afronta à democracia e à liberdade e um perigo.

Prestes a receber uma injeção brutal de capital, a bazuca, caminhamos a passos largos para mais um oportunidade desperdiçada, no fim de contas é um balão de oxigénio para nos manter à tona durante mais uns anos até perceberem que afinal estamos falidos, porque vai-se lá entender Portugal não é produtivo, nem competitivo.

Os mesmos erros de sempre, dinheiro a parar aos bolsos dos mesmos de sempre, corrupção, compadrio, uma Justiça ultrapassada e ineficaz e um povo manso e cordeiro que gosta de encher o peito para dizer que a mim de máscara ninguém me apanha, mas para lutar pelos seus interesses mais básicos, o direito a não ser enganado, ludibriado e constantemente roubado já não tem sangue na guelra, já não lhe estala o verniz, já não há frutas no sítio.

Já não se pode confiar em ninguém, todas as instituições foram engolidas pelo sistema e nós limitamo-nos a assistir impávidos e serenos enquanto eles brincam com as nossas vidas como se fossem Deuses no Olimpo.

Rui Pinto, a Justiça Portuguesa e os Portugueses

Rui Pinto é pessoa não grata, porque obteve provas de forma ilícita, essas provas não podem ser usadas em Portugal e os grandes criminosos passeiam-se nas ruas de nariz empinado enquanto Rui Pinto se encontra preso porque meteu o nariz onde não era chamado.

Há pouca justiça para estes justiceiros, que ignorando tudo e todos, têm a coragem de desafiar as pessoas mais poderosas do mundo, a maioria acaba preso ou exilado, em Portugal, país onde a denúncia é vista como pecado, não poderia ser de outra forma.

Os portugueses parece que ainda vivem no tempo da outra Senhora, do Regime, da Ditadura debaixo das barbas de Salazar, ainda acham que denunciar é feio e perigoso e que colaborar com as autoridades é sinal de fraqueza, só isso explica porque se dá sinais de luzes depois de passar por uma operação stop, se dias mais tarde forem assaltados pelos assaltantes que avisaram não é coincidência, é poesia.

Vê-se logo que não conhecem a história do Homem Aranha, que deixou passar o assaltante, com a agravante que depois não poderão vestir um fato de licra e salvarem o mundo para se redimirem.

É avisar possíveis meliantes, infratores, criminosos e a roubar o Estado, os pobres iluminados não percebem que só estão a roubar-se a eles próprios e a roubarem a possibilidade de terem uma velhice condiga, as palas destas pessoas não lhes permitem ver mais longe que o final de cada mês.

 

A polícia francesa fez uma cópia de segurança da informação de Rui Pinto, isto demonstra claramente o que pensam da justiça portuguesa e pensam muito bem porque é bem provável que a informação confiscada desapareça e depois de 32 inquéritos e comissões parlamentares para alimentar tachos e encher chouriços não se descubra quem carregou no delete, às tantas foi a senhora da limpeza a espanar o teclado.

Rui Pinto não deveria chefiar as investigações, não sou tão radical, mas devia estar sob proteção e a trabalhar em colaboração com polícia judiciária para prender os verdadeiros criminosos.

A desculpa dos atos ilícitos, da devassa da privacidade, da invasão do espaço privado, pode ter algum sentido, mas fica relegada para segundo plano quando em causa estão crimes bem mais graves, um verdadeiro exemplo dos fins justificam os meios e a Rui Pinto deveria ser atribuído o estatuto de denunciante como foi atribuído a Antoine Deltour pelo Supremo Tribunal do Luxemburgo.

 

É importante distinguir quando nos invadem o correio eletrónico para nos prejudicarem sem motivo de uma evasão para provar um crime, quem não deve, não teme e é curioso que se permita a monitorização de todos os nossos dados por grandes empresas que recolhem milhões de dados por minuto, mas fiquemos todos ofendidos porque alguém leu os nossos e-mails.

Não se preocupem que os hackers não estão interessados nos detalhes mórbidos e sórdidos, pelo menos estes que denunciam crimes, estão interessados em estratagemas, conspirações, crimes e teias ao mais alto nível, porque para denunciar é para denunciar em grande, para garantir um lugar na história, não fazem isso por altruísmo, mas independentemente de ser por vaidade ou por desdém, o que importa é que o continuem a fazer.

 

No combate à corrupção é importante legislar sobre a denúncia, permitindo o que no Brasil chamam a delação premiada, já que a figura que existe em Portugal, colocação premiada, pela sua configuração não é produtiva e eficaz, a capacidade de o Ministério Público negociar com um ou vários intervenientes para obter provas contra outros, especialmente dos cabecilhas, é uma importante ferramenta no combate à corrupção e permitiria quebrar os pactos de silêncio que os arguidos mantêm, silêncio esse que impede que as investigações avancem.

Na cabeça de muitos portugueses, culpa dos filmes e séries, isto é possível em Portugal, mas só é possível estabelecer acordos por denúncia se o criminoso denunciar livremente o crime até 30 dias depois de o cometer, é claro que isso não acontece, a menos que a polícia judiciária ande a rondar e este se aperceba.

 

Não sejamos crédulos, nem condescendentes, a justiça, assim como os políticos são o espelho da sociedade que temos, num país onde governantes condenados por corrupção são reeleitos, onde denunciar é malvisto, esperavam o quê?  

Políticos e autoridades em geral antes de serem quem são, são portugueses como nós, têm os mesmos valores, a mesma história, o mesmo entendimento e perceção da sociedade, quando algum escolhe ser e fazer diferente é-lhe imediatamente barrado o acesso, a ascensão, é assim em todo lado em Portugal porque haveria de ser diferente na política e na justiça?

 

Já cantava Zeca Afonso “o povo é quem mais ordena”, mas se o povo não estiver interessado em dar ordens, em exigir mudanças, o disco continuará arranhado e esta canção símbolo de uma revolução, não passará disso, de um símbolo e não de uma realidade.

 

Atendimento pediátrico hospitalar – É preciso melhorar

A visita às urgências hospitalares fazem parte da vida de todos os pais, quando não há sintomas adicionais à febre alta a solução passa pelas urgências para fazer o despiste de algumas doenças, nomeadamente infeção urinária.

Não sabemos o que realmente é sofrer até termos um filho doente, indefeso, que nos pede com os olhos mais ternos e solícitos do mundo que o retiremos do sofrimento que lhes estão a infligir, é como ter uma faca espetada no coração que penetra mais fundo a cada segundo, segundos que parecem minutos e minutos que parecem horas.

 

O nosso SNS é dos melhores do mundo e é dos melhores serviços que temos do Estado, nomeadamente porque ninguém fica sem assistência, se essa assistência é prestada em tempo útil e da forma mais correta é a grande questão.

Na minha opinião, enquanto utilizadora do serviço é possível fazer mais e melhor e sem investimentos milionários, mas para isso é preciso que quem toma as decisões esteja embrenhado na realidade e não sentado atrás de uma secretária, seja o poder central, regional ou a própria administração hospitalar, em primeiro lugar o ideal seria abolir as cunhas e os trabalhos para os amigos do partido no poder, em segundo lugar seria a contratação de pessoas que aliassem competências de gestão financeira com gestão de recursos humanos, não podemos esquecer que o maior ativo do SNS são os médicos, enfermeiros, auxiliares, administrativos que fazem a máquina trabalhar bem ou mal.

 

Pelos olhos de uma cliente/utilizadora o que eu mudaria para otimizar e melhorar o sistema de atendimento:

 

Sistema de triagem inteligente

A triagem realizada pelo enfermeiro foi um importante passo para acelerar o atendimento, porém não consigo compreender que doentes com pulseiras azuis e verdes sejam atendidos primeiro que doentes com pulseiras amarelas porque os médicos designados para as pulseiras amarelas estão todos ocupados com laranjas, isto sem avistar nenhum paciente com pulseira vermelha que nesse caso seria o caos, estas situações seriam facilmente ultrapassadas por um programa informático que gerasse avisos, não é compreensível ter bebés de meses a esperar duas horas nas urgências para serem vistos por um médico, nem crianças com febres altíssimas a definharem nas cadeiras para desespero dos pais.

Um sistema mais inteligente resolveria o problema, não estamos sequer a falar de inteligência artificial, estamos a falar apenas de parâmetros como por exemplo tempos máximos de espera e alertas para exames.

 

Exames tipo para acelerar processos

Mais de 60% das crianças que se encontravam nas urgências tiveram de fazer despiste de infeção urinária, um teste simples, que pode ser muito complicado se estivermos a falar de bebés que não têm controlo sobre as suas necessidades fisiológicas, seria muito mais simples que assim que os doentes saíssem da triagem fosse realizado o teste na sala de enfermagem, é um procedimento tipo e os enfermeiros na triagem são perfeitamente capazes de identificar a sua necessidade, esta medida pouparia horas de espera e poderia inclusive poupar uma consulta, pois acredito que entrando no gabinete médico com o teste feito metade dos pacientes teria alta no mesmo momento, evitando uma consulta posterior.

 

Salas de espera mais eficientes e de acordo com as necessidades dos pacientes

Ter na mesma sala de espera bebés, crianças e adolescentes cujas patologias são bastantes diferentes não é boa política, já que um vírus inofensivo para um adolescente pode ser uma complicação para um bebé ou criança.

Bebés até aos dois anos de idade deveriam ter uma sala de espera diferente e com as condições necessárias para prestar cuidados aos mesmos, muda-fraldas nos WC dos adultos num hospital não é boa ideia, ainda mais sem almofada, estes deveriam estar na sala de espera, para além de serem usados para mudar a fralda, também poderiam ser usados para vestir e despir os bebés, tentar vestir um bebé doente sem base de apoio e com toda a tralha que necessitamos para cuidar dele pode ser uma tarefa impossível.

Cadeirões para amamentação e espaço decente para refeições também seria recomendável, assim como a existência de água quente nas torneiras, há hospitais que estão melhor equipados que outros neste sentido, mas o ideal seria que estas condições estivessem presentes em todos.

 

Responsabilização imediata por erros

A negligência nos atos médicos é um tema problemático, mas negligência nos processos não, os profissionais de saúde têm o dever de pensar no que estão a fazer em vez de executarem as tarefas automaticamente sem equacionarem o que é melhor para o paciente, seja criança ou adulto.

Ontem, uma enfermeira antes de colocar o saco para recolha de urina, verificou que os lábios vaginais da bebé estavam ligeiramente unidos e resolveu através de pressão com uma compressa abri-los, é um procedimento que tem de ser realizado para evitar que mais tarde seja necessário operar, o que a enfermeira podia ter feito era colocar o saco para recolha da urina, recolher a urina e só depois tentar separar os lábios, o que é que aconteceu? Primeiro a bebé evitou ao máximo urinar porque sentia dor e segundo a amostra foi contaminada, obrigando a recolher urina através de uma algália, um processo invasivo e doloroso.

As enfermeiras do segundo turno e o próprio médico não ficaram satisfeitos, notou-se na cara da enfermeira a desaprovação pelo comportamento da colega, o que é que isso significa? Provavelmente nada, o mais certo é nem ser chamada à atenção, mas devia, a decisão dela não só causou mais dor à bebé como prolongou o tempo de permanência no hospital.

 

Seleção por vocação e profissionalismo

Este é um assunto complicado, pois com falta de médicos e enfermeiros é quase impossível seleciona-los pela vocação, dedicação e profissionalismo, mas deveria ser assim, aliás o processo de seleção deveria ser iniciado ainda antes do acesso ao ensino superior, para garantir que as vagas existentes são preenchidas por alunos que querem ser médicos e enfermeiros pelas razões certas, espero que nunca existam cursos privados de medicina, isso seria arruinar de vez com a profissão, conheço mais do que um enfermeiro com cursos de faculdades privadas que são menos instruídos que qualquer pessoa bem informada, já vi um dizer que tomar só dois comprimidos de um antibiótico de três dias não tinha qualquer problema.

A quantidade de profissionais brutos e maldispostos que encontramos nos hospitais é absurda, não me venham com a justificação que trabalham muitas horas seguidas, que andam desmotivados, que encontram todo o tipo de pessoas pela frente, nas outras profissões isso também acontece e não é por isso que toleramos a falta de educação e cuidado com as pessoas.

 

Até ontem sempre que recorri às urgências de hospitais ou centros de saúde fui bem atendida, por profissionais simpáticos com expressa vocação para lidar com bebés e crianças, ontem apanhei a pior enfermeira e a pior médica, cujos comportamentos me revoltaram e me fizeram questionar se é justo que qualquer pessoa com capacidade para tirar boas notas para entrar em medicina ou com capacidade financeira para tirar um curso de enfermagem estão aptas para atender, tratar e manusear bebés, seres frágeis, indefesos, incapazes de se exprimirem para além do choro. Não, não são e é muito triste e acima de tudo muito frustrante ver que existem pessoas que nem para tratar animais serviam, estarem a tratar de bebés e crianças, os seres humanos mais frágeis e mais sensíveis.

 

Na próxima visita às urgências, o ideal seria que não acontecesse, por mais que me custe estarei mais preocupada com a atitude dos profissionais de saúde do que em acalmar e tranquilizar a minha filha, eles têm deveres e nós direitos e devemos fazer valer-nos deles.

Continua a dizer que é uma pena que se fale de tanta coisa sem importância e ninguém fale dos reais problemas do país.