Traição – Será que é tendência? Necessidade? Medo?
Ultimamente tenho tido conhecimento de vários casos de traições conjugais, quer por parte de homens, quer por parte de mulheres, se alguns casais optam por terminar a relação e seguir em direções opostas, outros entendem-se, existe um perdão e permanecem juntos.
Não crítico qualquer uma das atitudes, cada um saberá o que é melhor para si e se valerá ou não a pena continuar a lutar e a alimentar a relação.
O que não entendo é a quantidade absurda de mulheres que desconfia dos maridos, falo de mulheres porque foi num grupo só de mulheres que percebi essa realidade, estamos a falar de um grupo com mais de 20 mil membros o que é uma amostra considerável, especialmente quando publicações deste teor chegam facilmente aos 400 comentários.
Para mim uma relação onde não existe confiança não é relação, sei que existem mulheres que sabem das traições dos maridos e convivem pacificamente com isso por várias razões, pelos filhos, por questões monetárias, por medo, por comodismo, se eu não seria capaz de o fazer, consigo entender quem o faça.
Entender como vive uma mulher sempre à espera de ser traída, a tentar clonar o telemóvel do marido para ter provas, a engendrar mil um planos de vingança, isso não consigo entender, porque ou a mulher tem um problema de confiança e deve ser tratada ou existem realmente fortes motivos para desconfiança e nesse caso não é preciso provas é enfrentar a situação e resolver.
Por outro lado dos homens ouve-se muito o chavão – “Quem não trai, é traído” como se ser um homem decente, respeitador e leal fosse requisito para ser traído.
Isto seria muito fácil de resolver é juntar os traidores com traidores e traídos com traídos e como se diz só se estragava uma casa.
Outra realidade chocante é perceber a quantidade de mulheres que se assumem como amantes, como se isso fosse motivo de orgulho.
Ainda mais chocante é criticarem uma amante por querer solidariamente desmascarar o traidor, não por despeito mas porque o esperto estava na verdade a trair a duas e ela descobriu que não estava a ser traída mas a ser usada para trair.
A desculpa é que vai estragar o casamento, a sério? Se a esposa já sabe que ele a trai vai continuar a permitir isso, se não sabia o casamento já estava estragado, ou alguém acha que uma relação onde um dos membros do casal trai compulsivamente sem o outro saber é alguma relação amorosa? Até pode ser uma relação mas não é amorosa de certeza.
Pessoalmente não consigo conceber uma relação onde existam traições, consentidas ou não, a partir do momento que a pessoa demonstra disponibilidade para se interessar por outras pessoas a relação está condenada, quem ama verdadeiramente não tem disponibilidade emocional ou sexual para outras pessoas, se por algum motivo isso acontece, deve-se fazer um balanço e perceber se a relação tem ou possibilidade para continuar.
Na minha opinião muitas pessoas recorrem às traições porque é uma forma fácil de quebrar a rotina, de sentir adrenalina e de se sentirem bem consigo próprias, o que esconde uma enorme frustração pessoal e com a vida, é um subterfúgio para os problemas e para não implementarem reais mudanças nas suas vidas, é por isso que depois do estrago feito, muitas se arrependem pois afinal a única coisa estável e de confiança que tinham era a esposa ou o marido.
Não faltam divorciados arrependidos, embora poucos o admitam sem reservas, mas na verdade, tirando casos de violência psicológica e física, a maioria das pessoas nunca mais amou ninguém como amou a esposa ou o marido que traiu e por algum sentido poético, karma ou castigo a pessoa traída encontra muitas vezes um amor à sua altura.
Podem chamar-me de ingénua, romântica, o que quiserem, acredito que um amor pode ser para toda a vida, e o argumento da vida selvagem não é um argumento pois não faltam espécies que escolhem um parceiro para a vida.
O Homem não foi feito para ser monógamo dizem muitos que por medo, receio, incapacidade, inabilidade não conseguem manter uma relação, ter apenas uma relação de cada vez implica dedicação e empenho e isso não é trabalho, não é esforço, é amor, é carinho, é saber que aquela pessoa vale cada cedência e cada agrado porque a sua felicidade nos faz felizes.
Amar sem amarras, sem receios, sem medos, sem preconceitos implica uma entrega que não está ao alcance de todos, é preciso coragem, é saltar de um precipício sem ter certezas que a rede não vai rebentar, mas não existe nada no mundo mais gratificante, mais enriquecedor e mais verdadeiro que um amor incondicional.
O único amor que escolhemos verdadeiramente é o do nosso companheiro/companheira, porque é que então é o que é mais desvalorizado, renegado e colocado em segundo plano?
Felizes aqueles que amam incondicionalmente, mesmo que se magoem, têm mais sorte do que aqueles que nunca conheceram esse tipo de amor.
Antes de traírem pensem se é isso que realmente querem fazer, se calhar seria melhor mudar de emprego, de casa, afastarem-se de pessoas tóxicas ou até separem-se, quem trai, trai em primeiro lugar a si próprio ou vive em permanente traição, pois se está com uma pessoa que não ama trai-se todos os dias.