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Língua Afiada

Pedofilia «não mata ninguém, mas abortar mata» - Tristeza de pessoa

Esta frase hedionda foi proferida por um “padre” norte-americano que proibiu os políticos que aprovaram o projeto de lei da Suprema Corte de 1973 de comungarem e de serem testemunhas de casamento, padrinhos ou eleitores nesse sacramento, bem como em funerais ou qualquer outra função da igreja.

Esta criatura compara a interrupção voluntária da gravidez à pedofila e como se não bastasse a comparação incomparável, ainda afirma que o aborto é pior, porque mata.

Desde já esta criatura precisa de umas lições de biologia para saber distinguir entre pessoas e embriões e fetos, mas mesmo ultrapassando este facto científico, questionável para alguns, pois não há consenso até onde se pode limitar a vida humana, havendo mesmo quem seja contra os contracetivos e contra as relações sexuais sem vista à procriação, há aqui uma clara perversão e uma proteção da pedofilia.

É perverso dizer que quem interrompe voluntariamente uma gravidez é pior do que um pedófilo, que incorre num crime mais grave, que mata, até pode ter a opinião que o aborto é matar, pode ter a sua fé e a sua crença, mas não pode comparar isso à pedofilia, especialmente fazendo ele parte de uma instituição largamente conhecida por ser o abrigo de milhares de pedófilos.

A pedofilia é dos crimes mais graves, tão grave que uma grande parte das vítimas escolheria a morte em vez do abuso, todos sabemos que existem coisas bem piores que a morte, a dor, o sofrimento, a tortura podem ser mais agoniantes e desesperantes que a morte, embora tradicionalmente a morte seja encarada como uma coisa má, a morte é muitas vezes o último conforto, o último refúgio, a única solução para encontrar a paz e para os crentes não haverá maior conforto do que o encontro com o criador, com o seu Deus.

É inadmissível que um padre a quem se pede empatia, solidariedade e compreensão tenha proferido tal barbaridade, não pela culpabilização do aborto, já conhecemos bem as posições dos religiosos de diversas religiões, mas pela desculpabilização da pedofilia, diminuindo este crime sórdido e repugnante porque ele não mata.

A pedofilia mata, mata a infância, a infância a época mais feliz da nossa vida na qual devemos ser amados, protegidos e acarinhados, mata sonhos, mata personalidades, mata lentamente as possibilidades de ser plenamente feliz, as vítimas levam anos a encontrar o equilíbrio e poucas são as que o conseguem encontrar.

Não consigo imaginar a dor, a tristeza, a solidão, a impotência que uma criança indefesa sentirá a ser vítima de abusos por parte de um adulto, qualquer tipo de abuso é horrível, mas tirar partido de um ser indefeso e inocente é desumano, um pedófilo não merece qualquer tipo de empatia ou desculpa, não há desculpa para este crime e consigo encontrar várias desculpas para o crime de homicídio, a primeira que me ocorre é precisamente o assassinato de um pedófilo, o primeiro instinto de qualquer pai são será ter vontade de matar o agressor.

Esta criatura é que deveria ser proibida de praticar qualquer sacramento religioso, deveria ser excomungado e exilado, para não lhe desejar destino pior para que entendesse o que é ser vítima e desejar a morte como libertação.

Este imbecil, asno, insensível, inadequado, ignorante, insciente, biltre, asqueroso, nubilidade de pessoa fazia um favor à Humanidade e particularmente aos membros da sua comunidade se escolhesse viver numa cela em cativeiro voluntário em voto de pobreza e de silêncio.

Nike lança hijab para as atletas muçulmanas

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A mais recente aposta da Nike está a dividir a opinião pública, enquanto mulheres muçulmanas aplaudem a iniciativa que passa a dar-lhes a oportunidade para fazer desporto com equipamento adequado, as mulheres do ocidente indignam-se com a marca acusando-a de promover a exclusão da mulher.

A Nike Pro Hijab foi apresentada como sendo um grande passo para as atletas islâmicas que queiram conjugar religião e exercício físico.

Do projeto, desenvolvido em conjunto com várias atletas, resultou uma peça que funciona como uma “segunda pele” com orifícios para a respiração, mantendo a opacidade. O vídeo promocional do hijab inclui a basquetebolista Amal Mourad, a pugilista Arifa Bseiso e a cantora Balquees Fathi.

 

Esta é uma notícia que desperta em mim sentimentos contraditórios, se por um lado acho que é de louvar que se criem condições para que quem usa hijab pratique desporto de forma confortável, por outro acho errado que se promova seja de que forma for o Símbolo da opressão da mulher.

Será realmente uma boa iniciativa?

 

A questão não se colocaria se a Nike não criasse tanto buzz à volta do assunto, poderia lançar o produto, mas seria necessário divulga-lo desta forma?

Seria, porque os Jogos Olímpicos do Rio no ano passado foram o palco escolhido por várias atletas muçulmanas para reafirmarem a sua vontade em usar o hijab, afirmando mesmo que o seu uso era um passo dado contra o preconceito que os ocidentais têm contra o uso do véu.

Custa-me que pessoas que nasceram, cresceram e vivem no preconceito venham tentar dar lições de preconceito.

Gostava particularmente de ouvir Dorsa Derakhshani, uma jovem iraniana de 18 anos que já obteve títulos de mestre internacional e de grande mestre em xadrez, que raramente comete erros no tabuleiro, mas que cometeu um, fatal, para a Federação Iraniana de Xadrez: não usou o hijab quando participou como jogadora independente no 2017 Tradewise Gibraltar Chess Festival.

 

Não me choca que as atletas queiram usar o hijab, choca-me que o usem com orgulho, quando é o símbolo máximo da opressão da mulher, choca-me que digam que o usam porque querem, quando sabem melhor do que qualquer uma das ocidentais que há muitas mulheres que o usam porque são obrigadas.

Ficou sempre chocada quando vítimas de discriminação compactuam com essa discriminação e não estamos a falar de mulheres de mulheres desinformadas, que vivem fechadas dentro de quatro paredes, são mulheres viajadas, muitas quase independentes, conhecidas, com capacidade de serem ouvidas.

E o que escolhem fazer? Compactuar com a discriminação da mulher, com a opressão, com a obrigação de se esconderem, com a sua despersonalização, para que sejam todas iguais, sem identidade, sem personalidade, para que sejam todas equivalentes na insignificância que lhe atribuem.

Quando quem que poderia fazer algo contra a discriminação, quando quem tem voz e capacidade para chegar a muita gente escolhe o lado o opressor, algo está muito mal no mundo, quando uma marca como a Nike se coloca do lado errado da luta, deixando o lucro sobrepor-se aos seus princípios o mundo está virado do avesso.

 

Não vale a pena tentarem virar a questão ao contrário, não há volta a dar, é muito mais importante a luta contra opressão da mulher, não há nada mais importante do que a luta pelos direitos humanos.

Reitero poderiam até desenvolver o produto, com certeza não são nem serão a única marca com produtos adaptados a um mercado com exigências diferentes, mas fazer disso bandeira? Nunca, erro crasso da Nike.

As mulheres devem ter o direito de usar o que bem entendem, querem usar o hijab usem, mas não me venham dizer que a maioria usa porque quer e muito menos dizer que somos preconceituosos porque não concordamos com o seu o uso, porque o hijah pode parecer apenas uma peça de roupa, mas é muito mais do que isso, é símbolo máximo da opressão e da subjugação da mulher.

Se querem continuar oprimidas e subjugadas é uma opção vossa, mas não queiram que quem acredita na igualdade de géneros concorde com isso.

Não se pode num dia aplaudir Le Pen por recusar usar o véu e no dia seguinte aplaudir uma iniciativa destas, pode-se compreender, mas daí a aplaudir vai uma grande diferença.

Terrorismo no nosso quintal

A maioria dos europeus vive com a sensação de segurança, somos um continente pacífico com índices de criminalidade relativamente baixos, cresci com os relatos dos atentados do IRA e da ETA, da Primeira Guerra Mundial e da Segunda, mas nunca pressenti a guerra aqui tão perto, recordo-me de temer a bomba atómica na altura da Guerra do Golfo, mas era tudo distante, preocupante, mas distante até 11 de Setembro de 2001, a data que mudou o mundo.

Campanhas políticas e negócios de armas à parte a verdade é que o atentado nos Estados Unidos modificou a forma como vemos o terrorismo, mesmo sendo do outro lado do atlântico era um atentado terrorista com base religiosa a um país ocidental. Não tardaram os ataques terroristas na Europa, em 2004 Espanha sofre um atentado em Madrid e em 2005 o Reino Unido sofre um atentado em Londres.

Embora as décadas de 70 e 80 tenham tido um elevado número de atentados a maioria não teve vítimas mortais e referia-se a movimentos separatistas, o IRA no Reino Unido, a ETA em Espanha e a Frente de Libertação dos Açores, em Portugal, mas nos anos 2000 a questão era outra mais abrangente, mais preocupante e muito mais difícil de controlar, um terrorismo alicerçado na religião e paradoxalmente no ódio, ataques com vista a matar e a ferir o maior número de pessoas possível, muito mais do que fazer uma afirmação o objetivo é ferir.

Este terrorismo veio para ficar e a tendência é aumentar, os ataques começaram a ser cada vez mais frequentes e não fossem as medidas de segurança e os serviços secretos seriam ainda em maior número.

O terrorismo pretende lançar o medo e o pânico, como seria a Europa se tivéssemos constantemente de olhar por cima do ombro a perscrutar se estaríamos em perigo?

Que efeitos teria isso na economia e na nossa vida? Não podemos sentir-nos intimidados, mostrar receio ou medo, mas a verdade é que a situação se torna mais preocupante a cada dia que passa, talvez não preocupante imediatamente, mas se o Daesh não for travado como será o futuro, um futuro próximo, o que farão durante os próximos 10 anos se não forem parados?

Estaremos preparados para esta guerra? Dizem que não têm medo dos nossos exércitos sem experiência em milícias, será que têm razão?

A verdade é que não podemos olhar para as notícias com ar triste e pesaroso e depois voltarmos à normalidade das nossas vidas, não podemos porque a calma que se atravessou na Europa terminou e esta guerra veio para ficar e está no nosso quintal.

Também sinto desprezo pelo Daesh e pelas suas teorias radicais, mas colocar tudo no mesmo saco não é a solução, não é com medidas extremistas de direita ou de esquerda que vamos resolver esta situação, se nos tronarmos radicais como eles corremos o risco de perpetuar uma guerra de ideais indefinidamente onde o único resultado é o sangue dos inocentes que se cruzam entre as linhas dos inimigos.