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Língua Afiada

Não existem raças, apenas pessoas.

A ciência já chegou a esta conclusão, não há caraterísticas diferentes suficientes para se dividir a humanidade em raças, há apenas uma raça, a humana, que se adaptou ao ambiente em que vive, a explicação para a cor da pele é simples e básica, pele escura para suportar sol e temperaturas altas, pele branca para absorver os poucos raios de sol em regiões mais frias e com poucas horas de sol.

As semelhanças genéticas entre pessoas desmitificam e mitigam o racismo com base na cor da pele, sendo que a cor não é sinónimo de partilha genética e ancestralidade em comum.

Não existem raças biológicas, mas as raças estão enraizadas na nossa cultura e servem como argumento para o racismo, que não é nada mais do que a consequência natural do medo do desconhecido, do diferente, do exótico, o que é incrível é que estes medos se tenham propagado até aos dias de hoje onde a informação e a formação já deveriam ter erradicado há muito este preconceito estúpido e infundado.

Muitas vezes já escrevi aqui sobre racismo, porque é um tema que me deixa particularmente incomodada, porque acho estúpido e de uma ignorância tremenda simplesmente não gostar ou desprezar alguém com base na sua cor, origem ou cultura, não há barómetro melhor de inteligência do que o grau de racismo, uma pessoa inteligente, com capacidade de análise e consciente nunca poderá em tempo algum ser racista, sem exceções, sem condicionantes.

Somos todos iguais, nascemos todos no mesmo mundo e como o sol quando nasce, nasce para todos, também nós nascemos debaixo do mesmo sol, com os mesmos direitos e os mesmos deveres, concedidos pelas sociedades onde nascemos.

A lotaria do nascimento é a única coisa que nos permite ser e pertencer a determinada cultura, um acaso e o nosso destino poderia ser outro completamente diferente, a única diferença entre nós é o local onde nascemos, tudo o resto é uma mistura entre genética, educação e personalidade, mas independentemente de onde nascemos e de como fomos educados a escolha de sermos bons ou maus é nossa.

O que se passou com o jogador Marega do Futebol Clube do Porto é inadmissível e extremamente vergonhoso para o futebol, para o desporto e para Portugal, é uma nódoa difícil de retirar e ainda bem, pois é bom que as pessoas não se esqueçam destes cobardes miseráveis que se escondem por detrás de uma calque para exorcizarem os seus demónios e preconceitos, para esconjurarem as suas frustrações e desgostos.

Marega teve a atitude correta, saiu, marcou uma posição, disse basta, não se remetendo ao silêncio, pois isso seria compactuar com os agressores que continuariam a achar que podem proferir as maiores barbaridades sem punição, o racismo é crime e é bom que este crime passe do papel para a ação para que as pessoas metam na cabeça que até podem ser ignorantes e racistas, mas exercer racismo é crime e se o fizerem senão punidas por isso.

Quanto ao oportunista do Chega espero que tenha aprendido a lição, é que mais vale cair em graça do que ser frustradamente engraçado, a sua eleição foi uma vergonha e cada vez que emite uma opinião essa vergonha só aumenta.

Parabéns Marega pela coragem de dizer chega aos Chegas de Portugal.

 

Galp, que vergonha!

Todos os dias nos deparamos com condições de trabalho deploráveis, a exploração e a escravatura laboral não se esgotaram com o fim da austeridade, prolongaram-se e estão bem patentes em Portugal um pouco por toda a parte mais ou menos camufladas.

O último exemplo que tive foi durante este fim-de-semana quando resolvemos abastecer numa Galp Pay & Go, um posto aberto 24 h sem funcionários, onde é o cliente que realiza todo o processo desde o abastecimento ao pagamento, qual não é o nosso espanto quando percebemos que têm na bomba um funcionário colocado especificamente para explicar o funcionamento da máquina ao sol, ao vento, à chuva, sem sequer um chapéu, um banco ou cadeira, guarda-sol ou qualquer tipo de resguardo.

Uma pessoa ali em pé, provavelmente durante 8h, sem qualquer identificação a não ser uma t-shirt da Galp, sem um local para se proteger do sol, relembro que no sábado estavam 27 graus pouco depois da hora de almoço, nem um local para guardar uma garrafa de água ou lanche a pessoa tinha à sua disposição.

 

O mais absurdo é que no local se encontrava a antiga cabine de atendimento totalmente revista de vinil a fazer publicidade à comodidade da bomba, comodidade essa que a Galp não transpõe para os funcionários que contrata, que mesmo sendo temporários devem ter condições dignas para exercerem as suas funções.

Uma empresa que ganha milhões, que devido às novas tecnologias dispensou centenas de funcionários, não tem dinheiro para colocar um balcão, um stand up com guarda-sol para ter um funcionário? Será que retirar o vinil e voltar a coloca-lo posteriormente é assim um custo tão avultado para a Galp?

Ficamos revoltados e incomodados com a situação do funcionário, hoje é ele, amanhã podemos ser nós, um irmão, um filho, um amigo, não são condições de trabalho para ninguém.

Gostava muito que o responsável por esta política passasse um mês a desempenhar estas funções, de pé ao sol ou à chuva e ainda ter a nobreza que nos receber com um sorriso aberto, com uma simpatia e disponibilidades difíceis de encontrar nos dias de hoje.

 

A nossa vontade foi não abastecer ali, mas não tínhamos grande alternativa pois estávamos a caminho de um evento e o depósito estava já a reclamar, mas ficámos decidimos fazer algo para demonstrar a nossa indignação, o Moralez disse: - Tens de colocar isto no teu blog, eu irei escrever para a Galp.

Não podemos aceitar tudo o que nos impingem, até podem dizer que a pessoa estava lá porque quis, mas não sabemos que circunstâncias a levaram a aceitar o emprego, nem tão pouco sabemos se teria noção das condições de trabalho do local, pois quando pensamos numa bomba, pensamos sempre numa cabine de atendimento.

É lamentável que nos dias de hoje ainda existam pessoas capazes de colocar um trabalhador nestas condições. Vergonha Galp, uma grande vergonha.

H&M que vergonha!

As marcas, especialmente as grandes marcas de grandes empresas, globais que chegam a milhões de pessoas têm de ser socialmente responsáveis a todos os níveis, desde a base que passa por dizer não à exploração laboral ao topo cuidando das mensagens que transmitem, toda a cultura empresarial e identidade da marca deve ser socialmente responsável, é o mínimo exigível.

A nova publicidade da H&M é vergonhosa, miserável e completamente irresponsável.

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Querem que acreditemos que ninguém reparou na mensagem? Que foi um erro inocente?

Foi coincidência colocarem o menino negro com a mensagem “o macaco mais fixe da selva” e o menino branco com a mensagem "especialista em sobrevivência".

Não há muito que enganar ou a marca fez questão de passar uma mensagem de racismo ou a equipa responsável pela campanha e pelas mensagens estampadas foram incompetentes e negligentes.

 

A ideia de apelidar uma criança de macaco já é infeliz, mas entendo que em alguns países é um termo carinhoso, mas deixarem passar uma foto de uma criança negra com essa frase demonstra uma total inabilidade e insensibilidade social.

Infelizmente todos sabemos que durante séculos a raça negra foi comparada e “equiparada” aos macacos, desvalorizando-se seres humanos apenas por causa da sua cor, iremos pagar esse crime por muitas e muitas gerações, pois os crimes de ódio transitam no ADN por serem demasiado marcantes, todos temos o dever de ultrapassar os preconceitos e as barreiras para que um dia sejamos todos vistos como iguais.

 

Não podemos permitir e perdoar uma situação como esta, mesmo que não tenha sido deliberado (tenho as minhas dúvidas) não pode passar em branco, para além de a marca ser responsabilizada, deve ser, há que debater o poder das marcas e a sua responsabilidade em transmitir os valores e ideais certos, os característicos de uma sociedade igualitária e evoluída.

Devemos exigir mais das grandes empresas, das grandes marcas, estes devem ser um exemplo a seguir e não o contrário, não deveria ser necessário o público agir como polícia do politicamente correto e do que é moralmente certo, mas quando as empresas se recusam a ser responsáveis e a fazerem corretamente o seu trabalho, temos de ser nós consumidores a dizer a última palavra.

Que este caso seja um exemplo, que a contestação se eleve e resulte efetivamente na diminuição das vendas e consequentemente nos lucros da empresa, devemos dizer alto e bom som que não iremos tolerar qualquer mensagem racista, preconceituosa, machista ou xenófoba.

 

Não adianta desculparem que se fosse um menino branco não haveria problema, as coisas não funcionam assim, as pessoas sozinhas já são suficientes ignorantes e preconceituosos, não vamos deixar agora grandes marcas que comunicam para todo o mundo alimentar as suas ideias com mensagem destas que servirão com certeza de bandeira.

É preciso responsabilizar os grandes comunicadores cujas mensagens sejam a milhares, a milhões de pessoas, é preciso dizer basta, queremos uma sociedade que nos aceite a todos como iguais independentemente da raça, da etnia, do credo, do sexo, da proveniência, só assim conseguiremos fazer do mundo um local de paz.