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Língua Afiada

Tribunal manda para casa pai que confessou abusar das filhas

Um homem de 60 anos confessa que abusou das duas filhas em frente ao juiz e este manda-o para casa sem sequer proibição de contactar com as filhas.

Gostava muito de saber como é que uma pessoa capaz de tomar uma decisão destas chegou a juiz, que ideais e valores defende, que moral advoga, que competência tem para julgar o comportamento dos outros.

E gostava muito que me explicassem que leis permitem que isto aconteça? Como é que se permite que isto aconteça?

Já sabemos, já me debrucei sobre o assunto várias vezes, que a moldura penal dos crimes sexuais tem de mudar, mas tem de mudar com urgência, mas cada vez tenho mais certeza que é preciso mudar também os juízes, que não representam de todo a “moral e bons costumes” que deveriam representar.

A sua reputação não está apenas abalada pelas sentenças inadequadas e acórdãos absurdos que envergonham as pedras da calçada da rua escura, são também as suas ligações a esquemas de corrupção e até as suas ações enquanto cidadãos, soube há dias que um juiz ficou a dever dinheiro a um jardineiro, não lhe abrindo sequer a porta para o receber, não se trata de uma quantia exorbitante, mas é dinheiro e não pagar a quem trabalha é a mesma coisa que roubar, aliás é pior, porque além de roubo é menosprezar, brincar com o trabalho dos outros.

Todos os dias sinto um pouco mais de vergonha da sociedade portuguesa, não demorará que com a exposição que estamos ter, porque estamos na moda, a sermos ridicularizados em todos os cantos do mundo, se fizessem uma série cómica de Portugal seria um sucesso garantido.

Tanta podridão, tanta corrupção, tantos esquemas, políticos que vivem em conluio com banqueiros, construtores, sociedades de advogados, justiça fraca e omissa, milionários, só de nome, que esbanjam dinheiro que um dia será pago por todos nós, comunicação social submissa e o povo a assobiar para o lado mais interessado no campeonato e em saber o que o André dirá à Joacine.

Vivemos tempos opacos, ocos e fúteis, preenchidos por trivialidades que não nos enaltecem ou enobrecem, vivemos tempos obscuros, que nem com toda a luz da verdade exposta a cru se clareiam, pois há sempre alguém de sentinela pronto para fechar todas as portas, janelas e frinchas.

Estamos dependentes das zangas e dos arrufos entre os poderosos, ou de hackers que procuram a fama, para enxergarmos aquilo que sempre soubemos, mas que temos dificuldades em admitir, somos um bando de carneiros, manada submissa que pasta alegremente neste pasto à beira-mar plantado, felizes como as vacas dos Açores, mas completamente dopados para dar permanentemente leite fresco, pois tudo pode correr mal em Portugal mas os impostos, qual leite, nunca faltam.

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