Um país em chamas por dentro e por fora
Que este país é uma casa a arder, passo a expressão, já todos sabemos agora que arda literalmente desta forma dói mais do que as chamas que o queimam há muito.
Eu sou determinantemente contra as plantações de eucaliptos, essa espécie estranha que drena os solos e os deixa tão áridos que só o mato e a urze resiste. Odeio olhar para os montes e ver eucaliptais sem fim à vista, combustível ideal para a pasta de papel e para os incêndios.
Este país que poderia ser um jardim foi infestado por esta espécie não endémica que é uma verdadeira praga que destrói o ecossistema e a beleza da paisagem.
Os eucaliptos já são a espécie que ocupa mais terreno florestal em Portugal, com vista ao lucro a curto prazo, os solos estão inférteis, novas pragas de insetos chegam todos os anos e a fauna nativa das florestas portuguesas desaparece.
Como se não bastasse os eucaliptos crescem muito e rapidamente, mas não filtram o sol, o solo árido e a falta de plantas rasteiras verdes para além de empobrecer o ecossistema faz com que os eucaliptos sejam uma bomba de calor pronta a arder, se juntarmos estas características ao não cumprimento da legislação que obriga a faixas de corte de fogo temos um cenário catastrófico, basta um dia de calor e ardem hectares e hectares de floresta a uma velocidade imaginável, quando existem pessoas com interesse na queima ainda ardem mais depressa.
O caso é tão grave que a maioria da população, especialmente a mais jovem não conhece as espécies de árvores nativas em Portugal a menos que visite as reservas naturais, mas mesmo assim não saberão identificar o que veem, quando se pensa em árvores da floresta portuguesa há uma que salta à mente o eucalipto, salva-se o pinheiro, as outras são resquícios, sobrevivem ao pé de rios e ribeiros, onde os eucaliptos não lhes roubam toda a água.
Já imaginaram uma floresta portuguesa que fosse toda ela como o Gerês ou o Buçaco? Uma mata saudável com flora e fauna em harmonia, com plátanos, pinheiros mansos, sobreiros, carvalhos, azevinhos, nespereiras, medronheiros, castanheiros, aveleiras, faias, freixos, loureiros, macieiras, pereiras, choupos, cerejeiras, salgueiros e outras plantas que se enchem de flores e de frutos, alguns deliciosos.
Portugal teria uma paisagem diferente, mais bela, sustentável e com menos motivos para incêndios, não haveria o lóbi do papel e a floresta não seria um eucaliptal pronto a ser consumido.
Podem fazer petições para que os incendiários tenham penas de prisão de 25 anos, isso não irá resolver nada porque a base do problema é outra e bem mais difícil de resolver.
Um bem-haja aos bombeiros deste país que lutam uma batalha inglória e extenuante sem nunca desistirem. Vocês são uns heróis. Obrigada.
Poderíamos ter esta paisagem por todo o país:
Mas os Governos sucessivos preferem ter esta:
Que rapidamente se transforma neste inferno: