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Língua Afiada

Vogue – Doença mental não é loucura

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A saúde mental é um tema que tem tido muita projeção e ainda bem é preciso falar, debater e acima de tudo acabar com os mitos, estigmas e receios associados às doenças mentais.

A forma como a capa da Vogue retrata o tema é insensível, ignorante e perigosa, pois perpétua o estigma que a saúde mental deve ser tratada num manicómio como se tudo o que relaciona com a saúde mental coubesse na categoria da loucura e recorrem mesmo a essa palavra para ilustrar a capa.

Romantizar o banho a uma pessoa fragilizada e possivelmente incapaz de tomar conta de si própria é uma piada de mau gosto para todos aqueles que têm problemas de saúde mental e cujo maior receio é terminarem institucionalizados, não é só o internamento que os assusta, mas também o que vem depois, mais uma vez o estigma de que quem é hospitalizado numa ala psiquiátrica é maluco.

Entendo que muitas pessoas não percebam o mal que esta capa pode causar a quem está em sofrimento e no dilema de pedir ou não ajuda, vivemos tempos em que tudo parece causar contestação, mas neste caso a situação requer um cuidado especial e quem o diz são os especialistas e com razão.

Não se trata do politicamente correto, trata-se do editorialmente correto, já que os órgãos de comunicação têm o dever de informar e não desinformar, pode ter parecido interessante causar polémica, mas devemos ter a responsabilidade de verificar se o êxito compensa as consequências, neste caso claramente que não.

A acusação que estamos a julgar o livro pela capa não faz aqui qualquer sentido, já que é precisamente a capa que faz vender a revista, seria mais prudente explicar a capa e admitirem que não viram a questão dos vários ângulos possíveis, faltando ver que a maioria das pessoas não entenderá a metáfora e não lerá a revista, apenas verá a capa.

Este é um tema sério, difícil e de grande responsabilidade, como são todas as questões de saúde, com a agravante que neste caso para quem se encontra com problemas a capa pode funcionar como gatilho para um sem fim de situações problemáticas.

Pede-se mais respeito, mais empatia e mais responsabilidade.

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